quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Como escolher um sistema de som para a sua moto (atualizado em 01/07/2019)

Então, há um tempinho já (quando ainda andava na Deluxe) criei um tópico no Fórum Harley sobre instalação de sistema de som em motocicletas. Esse tópico já criou vida própria e no momento em que a versão original deste artigo foi redigida (postado originalmente em 09/08/2018, atualizado agora em 01/07/2019) ele já estava com 21 páginas. 

O fato é que, além das motos que já vem com som de fábrica (como por exemplo as Street/Electra/Road Glide da Harley-Davidson e a minha Indian Roadmaster), existe uma variedade enooooooooorme de opções de sistema de som para motos no mercado, e para um mesmo sistema existe toda uma variedade de reviews, desde aquele consumidor super satisfeito que achou excelente, até o tradicional "em velocidade de estrada é ruim". Então, como escolher?




Fato importante: em velocidade de estrada (110 e acima), qualquer que seja o sistema que você colocar, o que você terá nessa velocidade (mesmo em volume máximo) é "som ambiente", ou seja, a música ficará audível mas relativamente baixa (ainda que com a moto parada e o sistema regulado no mesmo volume dê até pra "fazer festa"). No sistema Lexin MT485 (que eu havia instalado na Heritage e foi junto com ela quando a vendi), por exemplo, na estrada eu uso o volume máximo, e é claro que o som fica apenas "ambiente", "música de fundo" mesmo, e nunca vai chegar aos meus ouvidos na mesma altura em que chega com a moto parada. Na cidade, todavia, (velocidades até 70 km/h) eu uso "meio volume" (que também já dá uma baita festa com a moto parada). Mesmo com as ponteiras Vance & Hines e filtro de ar esportivo eu ainda consigo ouvir o som na estrada, em um volume/qualidade que ME agrada, sem que a música me isole do mundo ao meu redor (na estrada, o vento direto no capacete pela altura do pára-brisas me atrapalha mais a ouvir a música que o barulho do motor/escapamento - estou trabalhando em uma solução para isso - uma bolha mais alta para o pára-brisa - que será tema de posts futuros).

O MT485 que tenho hoje instalado na Heritage


Para essa queda na percepção sonora, influem:
1 - o fato de a moto, diferentemente de um carro, ser um espaço aberto e sem qualquer acústica;
2 - o vento (com ou sem pára-brisa, se o pára-brisa está jogando o vento direto no capacete ou por cima dele, etc.)
3 - o ruído do motor/escapamento da moto (mais alto, mais baixo, giro mais alto, velocidade de cruzeiro com giro baixo, escape original, esportivo com abafador ou sem, ponteiras ou escape completo, etc). 
4 - o tipo de capacete que o piloto está usando (capacete com melhor vedação também abafa mais o som; capacete "old school" com forro de espuma idem; capacete com menor vedação passa mais barulho de vento mas também passa mais música, etc. - consigo CINCO "experiências musicais" diferentes com os QUATRO capacetes que eu uso mais - um HJC fechado, um "old school" com forro de espuma, um articulado xing-ling e um modular Caberg - sendo que nesse eu tenho duas "audições" totalmente diferentes quando uso com ou sem a queixeira)
5 - o correto direcionamento dos alto-falantes, que tem que estar corretamente apontados para o piloto
6 - a capacidade auditiva remanescente do piloto  (depois de anos andando de moto com escape barulhento)
7 - fatores subjetivos diversos como tipo de música, expectativas elevadas demais de quem adquire o sistema, etc.

Então, é bem importante ressaltar que existem inúmeras variáveis que influem (positivamente ou negativamente) os reviews de QUALQUER sistema de som para motos, até mesmo dos originais de fábrica, que são desenvolvidos até com auxílio de túnel de vento. Ou seja, o que agrada a um, pode não agradar a outro. O suficiente para um pode ser fraco demais para outro e até excessivo para um terceiro consumidor. Gosto, preferências, expectativas, são algo muito subjetivo, e variam de indivíduo a indivíduo.

Demonstração do Lexin MT485, com a moto parada

Até mesmo no sistema "SoundBar" da Kuryakyn (que considero o melhor do mercado - apesar de não ter ouvido de perto eu acredito em sua capacidade já que é fabricado pela MTX, que é uma marca muito bem conceituada no mercado de som automotivo) existem reviews negativos de pessoas que dizem que "o volume não é suficiente". Nesse caso, vale a pergunta: é o som que é realmente fraco ou é o resto do ruído externo (motor, vento, etc) que é muito alto? Ou é você que não conhece as limitações acústicas do ambiente de uma moto?


Soundbar da Kuryakyn, na minha opinião o melhor do mercado. 

Peca pelo preço alto (450 dólares na versão "plus", isso nos EUA) e por não oferecer leitura de unidades USB 

(a porta USB é só para recarga de bateria de dispositivos)


Conhecendo as limitações do ambiente e não criando expectativas elevadas demais, você consegue curtir até um som baratinho como esse que foi o primeiro que instalei na Deluxe, que me custou algo em torno de 40 dólares (para ser sincero nem lembro quanto paguei) na Aliexpress:

Sim, eu usava uma tranqueira dessas na Deluxe e GOSTAVA do resultado

Minha primeira experiência com som na Deluxe (e em motos) foi com um desses, e só não estou com ele até hoje porque fui tentar fazer modificações e acabei o "perdendo" no processo (leia-se: eu estraguei ele quando fui tentar modificar). Sim, era mais fraco que o atual (era BEM fraco - estamos falando de apenas 2W por canal), mais feio que bater na mãe com gato morto até o gato miar, mas me atendia bem, tinha USB, cartão de memória, bluetooth e até rádio FM! (e o rádio sintonizava muito bem, acredite). Detalhe: na época eu nem tinha pára-brisa na Deluxe. Colaborou para a boa impressão também o fato de eu não ter expectativas muito elevadas sobre o produto em questão. Acredite quem quiser, mas o fato de essa tranqueira "xing-ling" ter sido "desenvolvida" com motocicletas em mente, me dava com ele uma experiência muito melhor do que com as frustradas tentativas de usar as caixinhas Bluetooth residenciais da JBL (que não foram desenvolvidas para esse propósito).

Teste do som xing-ling na Deluxe


Não me levem a mal, as caixinhas Bluetooth residenciais da JBL (como a Charge 2 e Flip 3 que cheguei a testar na moto) são excelentes para o propósito que foram feitas (uso em ambientes fechados ou em locais abertos, mas estáticos, sem interferência de ventos e barulho de motor), mas na moto, não dão conta, a menos que você coloque duas ou mais (nunca tentei com duas e não sei se seria suficiente, pra falar a verdade). Tanto é verdade que a própria JBL lançou, recentemente, seu sistema de som dedicado para as motocicletas, o JBL Cruise (ainda não disponível no mercado brasileiro), que custa em torno de 150 dólares nos EUA. Atualização: Este modelo foi lançado esta semana (semana passada não estava no catálogo quando eu estava comprando uma caixinha nova pra usar em casa) no mercado brasileiro, custando R$ 1.499,00 na loja oficial da JBL.

Lançamento: JBL Cruise, sistema da JBL desenvolvido especificamente para motocicletas


Ou seja, NENHUM sistema de som adaptado (montado no guidão, protetor de motor ou pára-brisa) em uma moto cruiser "tradicional" (esteja ela com ou sem pára-brisas) dará a mesma experiência do som original de fábrica de uma moto já prevista para recebê-lo (como as Touring carenadas da HD e a Gold Wing da Honda, dentre outras) - o fato é que até o sistema original de fábrica pode ser considerado "insuficiente" por alguns. 

Isto significa que instalar um sistema de som em uma moto que não o prevê em seu projeto é um quebra-galho que pode atender a alguns (a mim atende) e não atender a outros. É algo muito importante a se considerar quando você for instalar um sistema de áudio em sua motocicleta - não crie expectativas que seu som será tão legal de ouvir quanto o original de uma Ultra Classic (quatro falantes em um sistema desenvolvido exaustivamente pela fábrica para aquela moto específica), porque não será

Particularmente, prefiro o som um pouco mais fraco à sensação claustrofóbica de pilotar uma moto com carenagem (nota: hoje eu gosto de andar na Roadmaster, me acostumei), tanto é que se um dia eu migrar pra uma Touring é mais fácil eu pegar uma Road King Special e colocar pára-brisa, banco conforto e Tour-pak removível (e, é claro, minhas inseparáveis caixinhas no guidão) do que pegar uma "carenada" como uma Ultra ou Road Glide (pelo menos isso é o que penso hoje). Mas isso vai muito de cada um. (novamente, hoje estou com a Roadmaster, já me acostumei com o fairing).


O "infotainment" original da Road Glide é sensacional, mas particularmente não curto 

a "claustrofobia" da carenagem (ao menos por enquanto), mesmo com suas vantagens óbvias

E não custa lembrar que mesmo os sistemas originais de Touring, por melhor que tenha sido o projeto feito pela fábrica, não agradam a todos, vide a quantidade de kits de upgrade de falantes/amplificador que você vê à venda por aí (de marcas como Hogtunes e Kicker) e a própria opção de som mais potente nas versões CVO.  

E outra coisa, por mas que pareça "ruim" que em velocidades de estrada você não consiga ouvir a música "em altíssimo volume" (e só uma musiquinha de fundo), mas cá entre nós, é bom. Você ainda consegue ouvir o que se passa à sua volta (uma buzina, uma freada, um barulho de um carro, uma sirene de um veículo de emergência) sem se isolar acusticamente do mundo, e isso é importante para a sua própria segurança (e também de terceiros).  E é por isso que eu não sou um fã do uso do intercomunicador no capacete para ouvir música (você ouve a música claramente mas te isola totalmente do mundo, encobrindo os ruídos externos totalmente - eu prefiro usar o intercomunicador para a função para que foi desenvolvido - isto é, me comunicar com a garupa/outras motos - e, eventualmente, para ouvir instruções do GPS e - parando a moto em local seguro antes, é claro - para atender ligações telefônicas), e menos ainda do uso de "earbuds" como muitos fazem por aí (sinceramente, não sei como alguém consegue pilotar/dirigir com um fone de ouvido enfiado na orelha).

Então, fatores importantes para escolher o sistema de som da sua motocicleta:
1 - Sua motocicleta tem parabrisas? Se tem, ele tem altura suficiente para que o vento passe por cima do seu capacete e não vá direto para ele? 
2 - Sua motocicleta tem escapamento esportivo? 

Os fatores 1 e 2, combinados, tornam importantíssimo considerar um sistema que tenha não só alta potência (considere valores RMS), como também alta sensibilidade sonora (isto é, maior valor de dB por watt de potência dos alto falantes) 

3 - Na escolha do sistema: quais recursos você quer? Basta uma entrada P2 para ligar um mp3 player de bolso ou um iPod? Ou você (como eu) prefere uma porta USB dedicada para plugar um pen drive e esquecer ele lá? Ou você é um adepto do streaming via Bluetooth? Faz questão de rádio FM? 

4 - Controles acessíveis e facilmente utilizáveis com luvas são (na minha opinião), obrigatórios em um sistema para motos, então eu dispensaria qualquer sistema que não tivesse pelo menos um controle de volume e "liga-desliga" à mão (ainda que por um módulo à parte). Um sistema que não tenha botões físicos obrigam o usuário a:  a) colocar sua fonte sonora em local acessível (um suporte, por exemplo) ou b) parar para sacar seu celular/player do bolso a cada vez que quiser fazer algo simples como ajustar o volume ou mudar de faixa, o que não é prático;

Road Thunder Speaker Pods da Kuryakyn, aqui mostrados com o módulo de controle (opcional)

5 - A simplicidade de instalação de um sistema com menos peças (leia-se: amplificador integrado aos alto-falantes) é importante para você, ou você aceita gastar um pouco menos em um sistema com mais peças (amplificador separado) e mais complicado para instalar (ter que se preocupar com lugar para instalar amplificador)? Cito como exemplo a linha da Boss, que possui excelente custo-benefício mas utiliza amplificador separado dos alto-falantes. Na Deluxe (quando troquei o "xing-ling" no Boss) eu escondia o amplificador em uma bolsa de ferramentas no guidão (mas o mais usual é instalar sob o banco ou em um alforge lateral).

Exemplo de sistema com amplificador separado: o MC520B da Boss

6 - Resistência a água (a priori, estamos considerando apenas os sistemas resistentes a água, pré-requisito básico para algo supostamente desenvolvido para uso em moto, mas, por incrível que pareça, também existem opções que não o são - não serão sequer mencionadas aqui,na minha opinião não valem à pena);

7 - A questão mais importante: quanto você está disposto a gastar? Existem opções que vão (preço no exterior) desde os sistemas "xing-ling" de até 50 dólares, passando pela "média do mercado" que está nos sistemas satisfatórios entre 50-300 dólares (que incluem os mais baratos Boss com amplificador separado, o JBL Cruise, os Speaker Pods da Kuryakyn com o controle remoto opcional e o Lexin MT485 que eu uso, por exemplo), opções mais high end como o SoundBar da Kuryakyn e alguns modelos da HogTunes (dentre outras marcas do mercado), variando entre 350-500 dólares e até soluções personalizadas, em que o céu é o limite. 

Na tabela a seguir (clique para ampliar), apresento algumas opções do mercado (algumas testadas por mim, outras não), organizadas por recursos e especificações. Não mencionarei aqui soluções do tipo "conjunto de carenagem batwing já com som" pois elas se enquadram como "soluções personalizadas", ainda que fabricadas em série como os kits da Reckless Motorcycles (mais de mil dólares). Também não mencionarei aqui kits de upgrade específicos para motos que já tem som de fábrica.  Claro, não são as únicas existentes no mercado, esta tabelinha visa apenas dar uma ideia. 




Com essas orientações em mente, fica mais fácil escolher o sistema de som ideal para sua moto,  sem criar expectativas elevadas demais. 

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