domingo, 20 de setembro de 2020

Viagem Brasília-Buenos Aires - Balanço geral e agradecimentos

Aqui temos o "resumo da ópera" da viagem.

Lembrem-se que este texto foi redigido na primeira semana de Maio de 2019, mas só foi postado agora. 

Balanço geral

  • Odômetro total na partida: 30.363km
  • Quilometragem marcada no odômetro: 8.388,5km
    Odômetro total no retorno: 38.752km
  • Quilometragem aferida pelo GPS: 8.599km
  • Multas de trânsito: nenhuma
  • Pneus furados: nenhum
  • Pane seca: nenhuma
  • Maior distância percorrida em um único dia: Primeiro dia, Brasília/DF-Sorocaba-SP - 1.029km no GPS
  • Estados brasileiros visitados: 6 (Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul). Se incluir o DF onde moro, 7.
  • Países visitados: 3 (Brasil, Uruguai, Argentina)
  • Cidades visitadas (não incluem as cidades em que apenas passei nas rotas): 17 (Sorocaba/SP, Curitiba/PR, Jaguaruna/SC, Bento Gonçalves/RS, Gramado/RS (2 vezes), Pelotas/RS (2 vezes), Punta del Este/Uruguai (2 vezes), Montevideo/Uruguai, Buenos Aires/Argentina, Colonia del Sacramento/Uruguai(2 vezes), Torres/RS, Bombinhas/SC, Florianópolis/SC, Urubici/SC, Blumenau/SC, Registro/SP, Ribeirão Preto/SP);
  • Problemas técnicos durante a viagem: 3 (buzina, chicote traseiro, retentores das bengalas)
  • Melhor consumo médio: 21 km/l, entre Brasília e Catalão (velocidade entre 90 e 100km/h)
  • Pior consumo médio: 8 km/l, no trânsito infernal de Buenos Aires
  • Maior trecho de estrada não-pavimentada: 15km, entre Cabo Polonio e a Ruta 9
  • Trecho de chuva de maior duração: 2 horas, entre Brasília/DF e Cristalina/GO (primeiro dia)
  • Total de filmagens após a seleção: 2.4 Terabytes
  • Maior temperatura ambiente: 39 graus, em Chuí/RS (ida)
  • Menor temperatura ambiente: 10 graus, em Urubici/SC 
  • Total gasto (R$): Não contabilizado

Agradecimentos


Primeiramente, devo agradecer à minha família, principalmente à minha esposa Clarissa, pois sem a "bênção" dela essa viagem sequer teria ocorrido, hehehe. 

Em seguida, agradeço a todos os amigos que modificaram suas rotinas para me receber (seja para me hospedar, seja apenas para tomar uma breja) em suas casas, sou eternamente grato a vocês! Robson Oliveira (Sorocaba/SP), Leandro Alves e Andréa Raupp (Jaguaruna/SC), Evandro Linck (Bento Gonçalves/RS).

Agradeço também a todos aqueles que me acompanharam por algum trecho na estrada, fosse algo "pré-combinado", fosse apenas por termos acabado nos encontrando pelo caminho: ao João Beltrão, de Vinhedo/SP (que me acompanhou de Campinas/SP até perto de Sorocaba), ao Rogério Sordi e sua esposa Simone, de São Paulo/SP, que me acompanharam de Sorocaba até Curitiba; ao Luiz "Fireball"Costa, que me acompanhou da Harley-Davidson Curitiba até o acesso para Joinville/SC; ao Roberto "Make" Vargas Jr., de Canela/RS, que me levou para um city-tour motociclístico por Gramado; ao Carlos Humberto "Chalbuque", que me recebeu no acesso a Pelotas e me levou para um passeio pela cidade; aos amigos do Fórum HD: Fernando "Macaco"e Marcos Bomfim, que tínhamos marcado um passeio pela região (o qual foi abortado pelo problema na iluminação da minha moto) mas pelo menos tomamos umas cervejas juntos; ao André Blanck, da Garage 72, em Florianópolis, que me permitiu usar suas instalações para fazer o reparo emergencial na minha moto (sou eternamente grato!!!);  aos novos amigos do Morcegando Moto Grupo (de Belo Horizonte/MG), com quem fiz o trajeto Urubici-Bom Jardim da Serra e depois (por acaso nos encontramos na estrada) também fizemos o trecho entre alguma cidadezinha do Paraná e Registro/SP, onde dividimos uma mesa de boteco.

Agradeço ainda, de coração, a todos os amigos do Fórum M@D, do Fórum HD, seguidores do Instagram e do blog, que acompanharam a viagem pelas redes sociais e pelo grupo de WhatsApp que montei durante as férias.

E, por fim, agradeço a todos aqueles que contribuíram apenas com energia positiva, principalmente meus amigos daqui de Brasília que ficaram acompanhando a viagem de longe. Não vou citar nomes para não cometer a injustiça de esquecer de alguém. 

Viagem Brasília-Buenos Aires (volta) - 32º Dia (28/04/2019) - FINAL

Trigésimo-segundo dia - a volta para casa (28/04/2019)


Conforme planejado, acordei BEM cedo (por volta das 5 da manhã), fiz o check-out, coloquei a bagagem na moto e saí por volta das 6 da manhã. O café da pousada só seria servido a partir as 7:30, então fui direto, saindo junto com o sol.


Parei no posto Graal na saída da cidade, para tomar um café e comer um pão com manteiga. Estava decidido a almoçar em casa, com minha esposa. Não aguentava mais comida da rua, depois de 32 dias longe de casa.


Sete da manhã, saía do café da manhã e pegava a Via Anhanguera rumo a Brasília. A idéia foi seguir direto até em casa, parei apenas para umas fotos tradicionais (que não havia feito na ida) junto à placa da estrada:



Já em Minas Gerais, logo após sair do Graal de Uberaba (onde havia parado para abastecer), fui ultrapassado por um motociclista brasiliense em uma Tiger 1200. Resolvi tentar acompanhá-lo por um tempo, mas realmente desisti, kkkk. Acabei encontrando com o sujeito lá no Posto JK, em Catalão (na verdade passei por ele, ele havia parado para tirar umas fotos na divisa MG/GO, mas logo depois me ultrapassou de novo).

Fiz um lanche rápido em Catalão (e abasteci mais uma vez, como estava indo num ritmo mais forte para chegar mais rápido em casa, gastava mais gasolina), para abastecer novamente em Cristalina (se não o fizesse lá, ia ter que abastecer em Luziânia de qualquer forma). Lá encontrei o doido da Tiger de novo, eu chegando e ele saindo.

Por volta de 14h30 eu finalmente voltava ao meu lar, cansado pra caramba mas feliz e realizado. Apesar dos imprevistos diversos, devo dizer: a viagem foi sensacional, efetivamente vários sonhos foram realizados nesses 32 dias e 8.388,5 km rodados (de acordo com o odômetro, depois vejo a totalização do GPS).


Minha esposa me esperava na garagem. Fez questão de fotografar minha chegada para a posteridade.



 Almoçamos juntos, em nossa casa. E fui descansar.

Viajar é bom demais, mas voltar para a sua casa depois de uma viagem maravilhosa é ainda melhor.

FIM



(no próximo post o balanço geral - note que não fiquei regulando e registrando abastecimento ou cada centavo gasto, não é meu perfil, agradecimentos, avaliação de moto e equipamentos, etc.)  

Viagem Brasília-Buenos Aires (volta) - 31º Dia (27/04/2019)

Trigésimo primeiro dia - Me recuperando da intoxicação alimentar (27/04/2019)


Como comentado no post anterior, voltei do Milwaukee por volta das 23h, minha intenção era acordar às 6:30, tomar o café às 7:30 e ir embora... mas acabei acordando por volta de 3 da manhã (e passei uma "Noite de rei, sem sair do trono")  e só conseguir dormir de novo depois das 10 da manhã. Detalhe que eu tinha me programado para sair às 8, o que era inviável dada a situação.

Tive que adiar minha tão ansiosamente aguardada chegada em casa (sério, tô doido pra voltar, a saudade aperta) por mais um dia.Só que chegar hoje em casa não rolou.

Sabe a salada que comi no dia anterior? Pois é. O molho não desceu bem. Precisei adiar minha partida por um dia, pois não acordei em mínimas condições para seguir viagem, fraco, desidratado e com uma dor de barriga terrível. Estava indo ao banheiro praticamente 3x por hora.

Quem diria, ir a um restaurante tão recomendado e tão famoso, para conseguir uma intoxicação alimentar... Ninguém merece. 

Tenho certeza que foi imunidade baixa. 30 dias fora de casa, comendo na rua, bebendo, pilotando, passando calor e suando em bicas por horas a fio. Não devia ter encarado uma salada entupida de molho/maionese. Devia ter ficado só na carne, mas não, tinha que enfiar a droga da salada pra acompanhar.

Mas a pior parte foi ficar doente, totalmente sozinho, longe da família. Isso me fez repensar muitas coisas referentes a vários aspectos de minha vida pessoal, especialmente reconsiderar algumas questões que eu já considerava como bem resolvidas.  Por esse prisma posso dizer que esse problema foi útil.

Não saí da pousada durante todo o dia, nem mesmo para ir à farmácia (pedi para entregarem remédio). 

Enquanto fazia o rascunho inicial deste post já eram 16h30, já estava bem melhor, mas como ia ter que pagar uma segunda diária de qualquer forma seria perda de tempo e dinheiro pegar a estrada a essa hora, não iria andar  nem 100km antes de escurecer. Então ficou decidido deixar a volta para o dia seguinte, já recuperado e descansado. Meus planos são de sair antes do sol raiar (vou inclusive abrir mão do sensacional café da manhã da pousada já que ele só inicia às 7h) para pegar um tempo mais ameno, como alguma coisa pelo caminho. São 8h de viagem até Brasília.

De noite jantei na pousada mesmo, um frango grelhado, e fui dormir cedo.

Viagem Brasília-Buenos Aires (volta) - 30º Dia (26/04/2019)

Trigésimo dia - Rumo a Ribeirão Preto (26/04/2019) 


Tomei meu café da manhã , com as energias renovadas e peguei a estrada. Uma coisa boa do Estoril é que, como ele está literalmente na beira da BR-116, você NÃO PERDE TEMPO com trânsito urbano. 


Um pouco antes de sair conferi meu WhatsApp para ver as dicas dos meus amigos no grupo de acompanhamento da viagem, e devo agradecer por NÃO ter ouvido os conselhos.

Todas as dicas falavam: "daí pra cima de Registro é o pior trecho da Régis", "sempre tem obra e acidente, você vai perder tempo", "melhor voltar até a Serra da Macaca ou ir por Juquiá, saindo em Sorocaba", etc etc etc. Apenas um dos meus amigos foi voz dissonante dizendo que a Régis não é mais aquele terror todo e que a viagem seria tranquila por lá.

Bom, eu já estava de saco cheio de curva, não aguentava mais estradinha travada, então resolvi arriscar. Régis e Rodoanel.

Esta decisão, devo dizer, foi acertadíssima. Zero stress, só alegria. Sim, havia alguns trechos em obras, onde o tráfego estava em meia pista, mas nada que chegasse a causar atrasos relevantes. Aliás, a Serra do Cafezal, com pouco movimento como estava, estava uma delícia pra tocar a moto.

Já na Grande São Paulo, peguei o Rodoanel Mário Covas sentido Bandeirantes. Meu!!! Que estrada sensacional!!!!

Tá certo que é cheia de radares, não dá pra correr ali, mas você se sente numa highway americana, todos os carros andando em velocidade constante, você só trava o piloto automático em velocidade compatível e esquece da vida (mas não da atenção né? hehe).

Saindo do Rodoanel, peguei a Bandeirantes rumo a Ribeirão Preto.

Dei uma paradinha no posto Frango Assado, para um lanche rápido e gasolina. Aproveitei para reservar um quarto na pousada Shangri-Lá (recomendação do amigo Alysson, do Fórum HD). 


Cheguei à pousada por volta de 15h30, tomei uma ducha.


Então, fui na concessionária HD daqui encontrar o Rigoldi, do Fórum HD.


De lá, voltei para a pousada, descansei um pouco e por volta de 19h30 deixei a moto e peguei um Uber de volta pra lá, pra conhecer o famoso bar Milwaukee, que fica no andar superior da Ribeirão Preto Harley-Davidson.

Esse foi o grande erro. O bar é SUPER bacana, as bandas que tocam são sensacionais... 


A comida realmente estava deliciosa, não nego (e as cervejas - tomei apenas três - são sensacionais), mas eu passei mal à noite. Muito mal.


Devia ter ficado só nisso e na cerveja...


Fiz a burrada de pedir uma salada de repolho americana (cole slaw) para acompanhar a carne que pedi, e, sinceramente, foi ela quem me derrubou. A maldita maionese. 

Isso simplesmente me DESTRUIU... :-(

Voltei à pousada por volta de 23h, para acordar perto de 3 da manhã e só conseguir dormir de novo às 10, duas horas depois do horário que eu tinha previsto sair.

Viagem Brasília-Buenos Aires (volta) - 29º Dia (25/04/2019)

Vigésimo-nono dia - rumo a Registro (25/04/2019)

Saí do hotel em Blumenau/SC por volta de 10 da manhã. 



Ontem, quando estava preso no engarrafamento, o GPS até sugeriu (quando já tava no meio do trânsito) uma rota alternativa, por dentro de Gaspar, mas como não conheço a região muito bem fiquei preocupado com a qualidade do asfalto, trânsito, etc.

Pois bem, para a saída o GPS me sugeriu exatamente essa rota. Ela corta a cidade de Gaspar, o trânsito é lento e cheio de quebra-molas mas pelo menos não ia ficar parado como a BR-470 ontem! Detalhe. Essa rota chegou exatamente ao ponto em que o engarrafamento de ontem iniciava.

Enfim... vivendo e aprendendo.

Quando finalmente retornei à "civilização" (leia-se a BR-101), segui até o tradicional posto Sinuelo (Joinville/SC), onde parei para uma coca-cola e uma coxinha. 

Ainda não havia decidido onde ia parar, se iria até Registro/SP , ou se encararia a estrada até um pouco mais. Abortei a ideia do desvio por Santos, abortei o passeio na Serra da Graciosa e o desvio pelo Rastro da Serpente. Estava mentalmente exausto, já cansado de curvas, só queria ir direto pra casa.

No meio do caminho, concluí que realmente a melhor alternativa seria parar em Registro/SP. Meu cansaço mental era absurdo, fui em alta velocidade (admito), queria apenas chegar logo.

E não é que a apenas 100km de Registro encontrei, na estrada, os caras do Morcegando MG?

Encontrar com os caras na estrada foi PROVIDENCIAL. Eles também estavam indo para Registro. Então, depois de um dia cansativo rodando "solo", nada melhor que terminar o dia rodando em trio . Dá um "up" na energia e na atenção.

Paramos para abastecimento a apenas 50km da cidade (eu não abasteci, apenas eles). Aproveitei pra admirar a "obra de arte" composta de poeira e insetos de seis Estados e três países na moto.



Chegamos a Registro logo após o cair da noite. Eles ficaram em um hotel no centro da cidade, e eu no Estoril, na beira da BR. Marcamos de nos encontrar para tomar uma gelada e celebrar as amizades forjadas na estrada e que só existem por causa das motocicletas. 

Fiz o check-in, guardei a moto e peguei o táxi para encontrar os novos amigos.


Ganhei mais dois novos amigos nesse dia. Obrigado, Marley e Juliano!

Dia seguinte o destino seria Ribeirão Preto/SP.

Viagem Brasília-Buenos Aires (volta) - 28º Dia (24/04/2019)

Vigésimo-oitavo dia - curtindo a Serra do Rio do Rastro e um erro de planejamento (24/04/2019)


No dia anterior algum de meus amigos (não recordo quem agora) veio com uma história que eu devia ver o nascer do sol na Serra do Rio do Rastro, blá blá blá. Bom, estava em Urubici (85km em estrada bem sinuosa) e NEM A PAU ia acordar as 4 e meia da manhã pra sair naquela estrada à noite naquele frio e sem tomar café da manhã só pra ver um nascer do sol, por mais bonito que seja, fala sério. 

Todavia, parece que um dos colegas de MG recebeu a mesma dica de alguma outra pessoa, e por volta de 4 e meia da manhã fui acordado pelo barulho da BMW GS ligando no "quarto-garagem" ao lado.

Levantei às 7:15, arrumei minha bagagem na moto e às 7:30 estava no salão de café da manhã, que abria naquela hora.

tudo pronto pra sair

Nisso um dos motociclistas mineiros me fala todo empolgado "abriu o tempo na Serra do Rio do Rastro!!!" . Bom, já estava nos meus planos voltar por lá mesmo de qualquer forma (Podem falar o que for da 282, mas eu simplesmente detesto aquela estrada e não pensava em voltar por lá de jeito nenhum - preferia dar a volta longa pela SRR arriscando pegar um dia com visibilidade decente - ou não).

Acabou que segui de Urubici até o Mirante em Bom Jardim da Serra junto com os caras do Morcegando. Estava um belíssimo dia (mas bem frio - quando comparado aos demais dias da viagem, não com o clima padrão da região, que isso fique bem claro - temperatura em Urubici era de 13 graus, foi a primeira vez em toda a viagem em que cheguei de fato a precisar usar o aquecedor de bancos/manoplas - e os usei por mais de dez minutos).

Chegando ao Mirante da Serra do Rio do Rastro, aquele visual sensacional - céu azul, aquelas nuvens cobrindo parcialmente a estrada, tudo lindo! (nunca consegui a vista 100% livre lá, mas pelo menos nesse dia deu pra ver alguma coisa!).


Me despedi dos amigos do Morcegando, peguei os contatos deles e resolvi ficar passeando pela SRR. 


Novos amigos - e não seria a última vez a vê-los na viagem


Subi e desci a Serra (não apenas o "trecho oficial denominado Serra do Rio do Rastro", mas até o final das curvas já quase no centro de Lauro Muller) três vezes, uma atrás da outra, fazendo minhas fotos e filmagens (mais sobre isso à frente).


Ao parar após a terceira "volta", vi que o retentor da bengala do lado esquerdo (que estava segurando "sozinho" desde Colonia del Sacramento o peso da moto mais piloto e bagagem - e por um tempo garupa) não aguentou o esforço das curvas da serra (que estavam, aliás, bem divertidas de fazer) e começou a vazar também. Então, decidi que era hora de parar de brincar nas curvas e ir embora.

Algumas fotos 360 do passeio pela Serra do Rio do Rastro:

De lá, segui pra BR-101 e parei pra almoçar no posto Graal Baleia, logo depois de Imbituba.

Resolvi ver até onde iria no dia. Contrariando meus instintos (de parar em Balneário Camboriú e rever um grande amigo de Brasília que mora lá) resolvi fazer um pequeno desvio até Blumenau, na esperança de tomar uma baita cerveja artesanal em um lugar bacana.

Esta foi, de longe, a decisão mais errada de toda a viagem.

Primeiro, a SC/BR-470 está péssima. Obras por todo o canto. Pontes com emendas que te dão a impressão de estar numa competição de motocross (a moto saiu do chão... e eu com retentores estourados, preocupado em EVITAR solavancos bruscos). Pra completar anoiteceu na estrada, eu estava o dia inteiro torcendo por uma chuva para refrescar (lembram que saí de Urubici com 13 graus? Cheguei a pegar 33 durante o dia em Tubarão) e a única chuva que caiu foi aquela garoinha que não molha, só serve pra sujar e deixar a pista um verdadeiro sabão. Ah, falei que peguei um engarrafamento monstro por causa de obras e que levei 2h para fazer os últimos 20km?

Cheguei ao hotel Himmelblau completamente podre, arrependido da decisão (devia ter parado em BC) e pesquisando descobri que a 101 (voltando pela mesma 470) é a única rota "viável" para seguir rumo Curitiba (dá pra ir pela 116 mas aumenta em 200km a viagem).  Pelo menos me pareceu que no sentido litoral o trânsito flui melhor.

Pra completar meu dia, fui baixar os vídeos da Serra da Garmin Virb 360 e... não gravaram.

Eu uso um adaptador USB-12V para manter a câmera sempre com bateria cheia. Ocorre que a tomada 12V da moto funciona mesmo com a moto desligada, então eu meio que "soltei" o adaptador da moto para não dormir com aquela luz azul forte virada para a minha cara (não se esqueçam que na MotoGaragem a moto dorme dentro do quarto). Ocorre que esqueci de "apertar" de volta o adaptador na tomada. Que droga. A única parte do dia que foi filmada foi o trajeto entre Urubici e Bom Jardim da Serra com os amigos mineiros.

Tá, da Serra eu tenho as filmagens da "câmera secundária" (a Gear 360) mas ela foi usada para experimentos de motofilmagem (ângulos diferentes, etc), mas faltaram os vídeos efetivamente on-board em 360 graus que eu tanto queria. 

Em suma, aproveitei pacas o passeio na SRR, não nego, mas vai ficar na minha memória (e só lá).

Buenas, já que estava em Blumenau mesmo, resolvi contactar meus amigos locais para ver onde ir. Comi uma sopa no hotel para forrar o estômago e seguindo indicações peguei um Uber e fui parar na Vila Germânica (local totalmente "pega-turista", mas enfim). O lugar estava totalmente deserto em uma quarta-feira à noite, não havia uma viva alma. 


Vila Germânica numa quarta à noite - fora três caras assistindo futebol, mais ninguém à vista


E pior, mesmo indo no bar indicado pelos amigos, não consegui curtir a cerveja. Isso mesmo, consegui a proeza de só tomar cerveja ruim em Blumenau (mesmo sentando em dois bares diferentes para experimentar as cervejas locais). Era melhor ter ido pro bar da Eisenbahn (na própria cidade) mesmo (pelo menos a qualidade da cerveja já seria "esperada")... mas já estava cansado, puto com o tanto de azar que eu tinha dado no dia (vídeos perdidos, BR-470 ruim, bares desertos e más escolhas de cerveja) e voltei pro hotel pra dormir e tentar esquecer aquele dia que foi um misto de diversão (curtir a pilotagem na SRR em um dia limpo) , raiva (dos problemas passados no dia, principalmente o trânsito da 470 e a não-filmagem dos vídeos da Serra) e arrependimento (de não ter seguido meu plano original de parar em Balneário Camboriú). 

Viagem Brasília-Buenos Aires (volta) - 27º Dia (23/04/2019)

Vigésimo-sétimo dia - rumo à Serra do Rio do Rastro (23/04/2019)

Com a moto devidamente reparada no dia anterior, foi o dia de fazer o check-out do Ibis de Florianópolis e pegar a estrada. O que faltava ser decidido era: seguir rumo para casa ou fazer um desvio para a Serra do Rio do Rastro, voltando quase 200km?

Bom, o tempo no alto da serra é uma incógnita e imprevisível. Pode uma hora estar bom e fechar tudo e vice-versa. A previsão era de tempo "médio" (encoberto mas sem chuva) então pensei: bah, já tô aqui mesmo, vir a Santa Catarina de moto e não dar uma voltinha na SRR é igual ir ao Vaticano e não assistir a uma missa rezada pelo Papa. Então, fui.

Peguei a BR-101 Sul sentido Porto Alegre, até Tubarão/SC, onde inicia-se o caminho para a Serra, passando por cidades como Braço do Norte, São Ludgero e Orleans, até chegar a Lauro Müller, no pé da serra.

Vale citar a curiosidade das variedade de colonizações em Santa Catarina. Florianópolis é uma cidade de colonização majoritariamente portuguesa (especialmente açoreana). Você passa por São Ludgero que é uma cidade que (embora não tenha as construções estilo enxaimel comuns de se ver em Blumenau por exemplo) é tipicamente alemã, com direito a mensagens em português e alemão nos pórticos da cidade (Bem-Vindo/Wilkommen e Boa Viagem/Guten Rasen). E logo depois de São Ludgero, vem Orleans, cidade que apesar do nome "francês" é uma cidade tipicamente ITALIANA, considerada como cidade-irmã de Ala, na região do Trento.

Por volta de meio-dia eu chegava a Lauro Müller, e fiz a foto tradicional na frente da placa da rodovia.


Posso dizer que peguei tempo bom. Não peguei chuva e a temperatura estava bem agradável. Apenas nos 3-4km finais da subida da Serra do Rio do Rastro a cerração fechou, deixando a visibilidade quase a zero.

Parei no mirante para as tradicionais fotos (mesmo não dando pra ver nada), encontrei um grupo de motociclistas de Belo Horizonte/MG e decidi deixar para fazer as fotos da descida (nos locais onde dá pra parar) amanhã no retorno. 



Os quatis, como sempre esfomeados e curiosos, ficam rodeando tudo e todos atrás de comida.


Apesar do tiro ter sido curto, meu corpo ainda estava bem cansado do trabalho de oficina de ontem e achei melhor seguir meu rumo até Urubici.

Cara de cansado...

Parei em Bom Jardim da Serra para abastecer a moto e sacar um dinheiro no banco,  e os caixas eletrônicos da agência não reconheciam minha impressão digital nem a pau. Tive que encarar a fila do atendimento e com isso perdi quase uma hora (detalhe, apenas cinco pessoas na minha frente...). Pelo menos esse desvio serviu para eu fazer umas fotos legais na frente da Igreja Matriz de Bom Jardim da Serra.


Pensei em almoçar na churrascaria Cascata (tradicional entre os motociclistas) mas aquele estacionamento em brita que vi quando passei na porta na ida para o centro da cidade me fez desistir da ideia. Então segui direto para Urubici.

A estrada para Urubici está em ótimo estado, tem um visual sensacional e curvas bem gostosas para pilotar a moto (devo dizer, mais divertidas que aquelas curvas travadassas da SRR).

Peguei chuva apenas em um pequeno trecho (uns 10km, nem conta como chuva) pouco antes da chegada a Urubici. Aliás, que lugar lindo é a entrada da cidade!!!!! Nem me lembrava mais como era da minha visita em 2015.

Fui direto para a Pousada Motogaragem, fiz o check-in e saí pro Posto Serra Azul para almoçar (já passava das 15:30).


Lá encontrei um grupo de motociclistas de São Paulo. Bati um papo, nem cheguei a trocar contato com os casais e vim embora para a pousada.

A Motogaragem é uma pousada feita de motociclistas para motociclistas. É super simples: os quartos tem apenas o essencial (um bom chuveiro, uma cama excelente, a necessária calefação e um wi-fi de ótima velocidade de conexão - importante já que internet móvel - ao menos da Claro - simplesmente não funciona na região). Não tem nem TV (que na minha opinião é algo totalmente desnecessário, há 27 dias eu praticamente não ligo uma TV) nem um frigobar (esse poderia existir, seria interessante para que os visitantes estocassem uma água ou até uma cervejinha por exemplo). Mas o grande charme da Motogaragem é o fato de os quartos serem garagens: você guarda sua moto DENTRO do quarto (isso nos 4 quartos privativos - isso não vale para o "hostel" de dormitório compartilhado).

quarto com vista para a moto 

No final do dia os "mineirim" do Morcegando Motogrupo (que encontrei no Mirante da Serra) pararam aqui na Motogaragem também.

De noite saí pra jantar, peguei um táxi para ir até o Montês (indicado por um colega do trabalho) mas estava fechado. Acabei parando em outro restaurante, o Manali Bistrô. Comi uma (sensacional) truta acompanhada de massa ao pesto e um vinho da região (Torii Cabernet Sauvignon 2014, da vinícola Hiragami, uma grata surpresa).


Na volta, quem disse que eu consegui outro táxi?  Nenhum dos telefones dos taxistas da cidade sequer atendia mais.  

ruas desertas após as 22h

Após 15 minutos de tentativa de chamar um táxi pela equipe do restaurante, desisti. Teria que caminhar 2km até a pousada. Fui andando, mas pelo caminho resolvi apelar pro "dedo polegar" e, pasmem: consegui uma carona em uma camionete. Nunca fiz isso (pegar carona com completos desconhecidos na base do "polegar") na vida, haha. Pra tudo tem uma primeira vez.

Cheguei ao hotel, assisti alguns episódios de Star Trek Discovery na Netflix (terminei a temporada na verdade), e fui dormir por volta de 01:30.

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