segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Aquisição para a viagem - GPS Garmin zümo 396LM

Em que pese meu post anterior sobre o suporte Rokform para smartphones, achei interessante "abrir a carteira" e comprar um aparelho de GPS dedicado para a minha viagem programada para o mês de Abril.


Mas, com a existência de aplicativos como Waze e Google Maps, por que partir para um GPS dedicado? 



Simples. Os aplicativos de navegação GPS para celular (Waze, Google Maps) são EXCELENTES para o uso diário na cidade, ou mesmo para aquelas viagens em que você só quer fazer a rota mais rápida e pronto. Todavia, quando você quer fazer a programação dos detalhes de forma antecipada, escolher as rotas (o caminho por onde eu quero ir e não obrigatoriamente o mais eficiente), incluir pontos de parada adicionais (por exemplo, montar uma rota de city-tour passando por vários pontos turísticos de uma cidade desconhecida, em vez de um trajeto direto de A a B pela rota "ótima") , os aplicativos de smartphone não são exatamente muito práticos. 

Analisei alguns disponíveis, cheguei até mesmo a testar um aplicativo que permite montar as rotas multi-pontos por caminhos determinados pelo usuário (o nome desse aplicativo , para o sistema Android, é OSMAnd, é PAGO, e não sei se existe o OSM para iPhone, fica a dica para quem quiser testar), mas ainda assim o processo de programação prévia de rotas (usando por exemplo Google Maps e Google MyMaps), exportação, conversão de formato, download para o smartphone, e até de seleção da rota desejada naquele dia no aplicativo é muito pouco intuitivo (e olha que eu sou profissional de TI, mas nem por isso gosto de complicação - uso a filosofia KISS - Keep It Simple, Stupid para tudo o que diz respeito a diversão - mesmo quando envolve tecnologia). E ainda havia o risco considerável de eu programar algo errado (ou perder no processo de exportação/conversão/importação e acabar passando batido por "aquele ponto de interesse especial" que eu queria visitar nessa viagem. Dá pra fazer, especialmente se você não quer gastar o dinheiro no GPS dedicado, mas não é , na minha opinião, a solução ideal especificamente para as MINHAS necessidades particulares referentes à viagem que vou fazer.

Após os testes com o OSMAnd (que até funciona, mas não achei prático o suficiente para uso na viagem), tomei a decisão: comprar um GPS dedicado. 

Já tive alguns GPSs dedicados em carro usando sistemas como o iGo (tive um GPS "genérico" que veio da China com o iGo "alternativo" instalado, e um outro GPS "nacional" que veio de brinde num carro da Renault que comprei zero km em 2011, mas usava outro software - ainda que licenciado já que o GPS levava a marca da Renault - que não me recordo agora), então aqueles GPSs para moto como os da Multilaser, apesar do custo bem mais em conta, não me atenderiam, pois o software de navegação é muito simples e parecido com o que já existia nos smartphones. Precisava de algo mais "especializado" e a única alternativa seriam os GPSs da Garmin.


Como pré-requisito o aparelho teria que ser específico para motocicleta (isto é: permitir operação com luvas e ser a prova d´água, ou seja, obrigatoriamente um da linha zümo), e ter Bluetooth para enviar as rotas ou para o sistema de áudio da moto ou para meu headset (do intercomunicador) no capacete.  Sei que o sistema de áudio das Indian tem uma pequena "incompatibilidade" com os GPSs da Garmin, que me obrigaria (a menos que eu fizesse uma adaptação para ligar o GPS fisicamente ao sistema de som da moto) a usar o GPS como fonte de áudio durante toda a viagem, usando-o como player de música (ou como "ponte" para música vinda do celular, por exemplo do Spotify, algo que não exatamente me agrada (já que eu uso um velho iPod nano de 4ª geração plugado na porta USB da moto para esse fim). Mas isso não seria um grande problema pra mim, já que eu tenho o headset e posso simplesmente rotear as instruções do GPS para ele, como já fazia para as ligações telefônicas, deixando o sistema de áudio da moto apenas para música mesmo, seja pelo iPod, seja pelo Spotify via smartphone (por que prefiro o iPod? porque tenho na minha coletânea várias músicas que não estão no catálogo do Spotify, além do que a minha playlist de "músicas para estrada" foi sendo "ajustada" nos últimos anos, sendo altamente eclética no que diz respeito a gêneros musicais, e daria um baita trabalho para importar para o Spotify - e ainda não uso meu pacote de dados - ou mesmo dependo de sinal de celular - para usar o iPod).

Com essa exigência do Bluetooth, o ultracompacto (mas bem antigo) zümo série 200 (facilmente encontrado usado na faixa de R$ 1000,00 no MercadoLivre) estava descartado. Outros modelos usados estavam com preços muito próximos dos novos, então a escolha acabou sendo por um GPS novo e sem uso.

A minha escolha ficou entre dois modelos: o 395LM, que já saiu de linha (e consegue ser encontrado por preços mais baixos), e o novíssimo 396LM, que acrescenta alguns recursos interessantes e custa em torno de R$ 200,00 a mais, a preço de loja oficial da Garmin.

O novo zümo 396 perdeu dois recursos que existiam no 395: a porta de áudio de 3,5mm (que seria necessária para a integração física com o sistema de áudio da moto, algo que eu não pretendia fazer mesmo) e a compatibilidade com o sistema de monitoramento de pressão de pneus da Garmin (que eu não necessito já que a motocicleta já tem seu próprio sistema de monitoramento de pressão dos pneus, e mesmo que quisesse é vendido à parte e custa uma nota preta). Já os novos recursos do 396, todavia, são bem mais interessantes que esses dois que "desapareceram" no modelo novo, dos quais vou destacar os que me atraíram mais e me levaram a pagar os 200 reais adicionais por ele:


  1. Wi-Fi integrado, permite atualização dos mapas (no caso do modelo comprado em loja oficial brasileira, mapas da América Latina pela vida inteira) sem precisar plugar a um PC;
  2. LiveTrack, que é um recurso que me permite convidar pessoas para acompanhar minha viagem em tempo real (elas receberão um link via e-mail), muito útil para despreocupar a família. Esse recurso necessita de sinal de dados no celular pareado via Bluetooth, então não é 100% on-line como o Spot (que usa rede de comunicações via satélite para as atualizações de localização), mas para meu perfil de uso, viajando por rotas turísticas e muitas áreas próximas a cidades, atende plenamente;
  3. Integração com redes sociais de viagem, especificamente TripAdvisor e FourSquare (uso muito as duas) para localização de pontos de interesse de forma atualizada e independente dos mapas oficiais;
  4. Sistema de alerta de acidente, que liga automaticamente para um contato pré-determinado em caso de detecção de acidente. Esse pretendo deixar desativado, pois a última coisa que quero num caso de eventualidade é que minha família receba uma ligação "automática" de um sistema de alerta;
  5. Tela um pouco maior, mas num "corpinho" mais compacto, poucos milímetros de diferença mas que na hora de guardar no bolso fazem uma SENHORA diferença;
Outros recursos interessantes do 396 (que já estão presentes em toda a linha zümo desde o seu surgimento e que não existem, por exemplo, na linha nüvi para automóveis):
  1. Tela com sensibilidade adequada para uso com luvas(excelente, mesmo com "luvas touch" operar o smartphone com elas era um porre);
  2. Perfil "motociclista" permitindo escolher por exemplo a rota com mais curvas em vez da mais direta (a gente gosta hehehe);
  3. Kit completo de montagem com suportes da americana Ram-Mount (excelentes), e ainda inclui um suporte adicional com ventosa e um carregador USB 12V pra usar no carro.
Além desses recursos, vale citar os detalhes que se aplicam a todos os Garmin:
  1. Compatibilidade TOTAL e DIRETA com os mapas de licença aberta existentes no mercado, como o excelente Projeto Tracksource para o Brasil;
  2. A facilidade de uso (na minha preferência pessoal) do software Garmin Basecamp para pré-planejamento de viagens (quando comparada ao uso do Google Maps/Google MyMaps)

Como mencionei, comprei o equipamento em loja oficial da Garmin, mas especificamente na Global Tech, de Inhumas, Goiás, cujo site é acessível por este link.

O que vem na embalagem?

O kit do Garmin zümo 396LM vem com:
  • o aparelho de GPS propriamente dito
  • suporte RAM-Mount para guidão de até 1";
  • base para moto, para montar no suporte;
  • Cabo com transformador para ligação em motocicleta (não usa USB, usa um conector específico na base);
  • Cabo para ligação em tomada de 12V automotiva com saída Mini-USB;
  • Cabo USB/Mini-USB para ligar o GPS ao PC ou a um carregador USB padrão;
  • Suporte com ventosa para fixação em pára-brisa de carro (não use na moto!);
  • Base específica para uso no suporte automotivo;
  • Manuais de uso e instalação;
  • Parafusos, porcas e demais peças para montagem

Imagens do "desencaixamento"(unboxing) do zümo 396LM:

A loja GlobalTech ainda me mandou, de brinde, uma "carteira" pra guardar o GPS e uma película adesiva de proteção para a tela. Apesar da carteira vir com a marca TomTom (outra marca de GPS) estampada, ela acomoda perfeitamente o Garmin 396LM:


Nota: Não estou recebendo NADA da GlobalTech para divulgar sua loja: ela apenas foi a revenda oficial Garmin com o melhor preço que encontrei. 

Instalando o GPS na Roadmaster

A instalação do kit do GPS na moto é praticamente sem segredos, podendo o cabo de energia /transformador fornecido ser ligado diretamente à bateria ou, como eu prefiro fazer, no pós-chave, para que o mesmo só forneça energia ao GPS com a ignição ligada (ligando e desligando automaticamente o aparelho com a ignição da moto). Restaria o problema de identificar um ponto de pós-chave na Roadmaster, mas graças a este tópico do fórum americano IndianMotorcycles.net, descobri que há uma tomada de pós-chave na parte dianteira da moto (no caso da Roadmaster/Chieftain, fica escondida dentro do "morcegão", nas demais Chief/Springfield sem carenagem, fica escondida dentro da nacele do farol).

O conector azul, já "puxado" pra fora da carenagem

A "pegadinha": não existe no catálogo da Indian um conector de acessórios específico para essa tomada (como existe nas Harley-Davidson para seus conectores de acessórios), mas o problema é de facílima solução: trata-se de um conector padrão da indústria automotiva, então foi só procurar algum cabo com conector compatível e aproveitar a ponta que eu precisava. A solução "brasileira" veio de um chicote de injetor de combustível do Fiat Uno, que custa em torno de R$ 30,00 em qualquer loja de auto-peças. 

Paguei R$ 30,00 nesse chicote, NOVO, em uma loja de auto-peças que nem lembro o nome aqui perto de casa.

Cortei fora do chicote do Uno a ponta que eu não precisava, e soldei diretamente o cabo do Garmin nos fios do conector que eu precisava (com muito cuidado para não inverter a polaridade em relação ao conector da moto):

O chicote de bico injetor de Uno "transformado" num chicote de acessórios para Indian,
já com o kit de energia do GPS Garmin soldado a ele

Feito isso, antes de ter todo o trabalho de passar os fios de forma escondida, foi hora de simplesmente testar a conexão elétrica para ver se estava tudo certo.

Teste de funcionamento: OK!

Estando tudo certo (polaridade correta, e fornecendo energia só com a ignição ligada ou na posição "acessórios"), hora de montar tudo. Achei que necessitaria de desmontar a carenagem para esconder o transformador (que, aliás, é a prova d´água) dentro dela, mas não foi necessário, achei um lugarzinho ideal para amarrar o transformador e o excesso de fios com abraçadeiras plásticas, me economizando umas boas duas horas de trabalho.


A fiação e transformador escondidos sob o painel - entre o guidão e o painel para ser mais exato

O guidão da Roadmaster é um pouco maior que o padrão (1-1/4") então o parafuso em U fornecido no kit da Garmin (que suporta guidão de até 1") não coube no guidão (até encaixou, mas não sobrou rosca para prender as porcas). Por sorte eu já havia adquirido alguns outros suportes da RAM-Mount (ainda não instalados) que eu planejava usar para outros fins, e um deles possuía um parafuso em U de tamanho suficiente. Com isso a base foi montada ao lado direito do guidão, bem ao alcance da minha mão, mas sem obstruir minha visão da estrada ou painel de instrumentos. 

Tudo instalado e funcionando!

Fiz o pareamento do meu smartphone (apenas para ligações e contatos) com o Garmin, e deste com meu headset, para teste, e tudo funciona perfeitamente, com as indicações de direção e alertas (radar e obstáculos) sendo enviadas corretamente (e com volume altíssimo, devo dizer, uma baita surpresa) para meu intercomunicador. 

O GPS fica preso bem firme à base, e é destacável facilmente por meio de um botão, assim ao estacionar a moto você leva ele no bolso. Existem kits anti-furto mas são vendidos à parte, mas eu pessoalmente os acho desnecessários, eu não deixaria um GPS montado na moto estacionada mesmo com anti-furto. A chance é de alguém tentar furtar, e se não conseguir, vandalizar o equipamento. Melhor levar no bolso.  

O Garmin Basecamp


Não vou perder muito tempo falando sobre o BaseCamp, apenas que acho-o bem fácil e intuitivo de usar e transferir as rotas planejadas para o Garmin. Há uma infinidade de tutoriais bem caprichados sobre o aplicativo  (para Windows e MacOS) na Internet (o YouTube está CHEIO deles), sendo realmente de muito fácil uso. Na imagem a seguir verá várias "rotas" que já planejei, tanto para a viagem de Abril quanto para passeios aqui pela região do DF e Goiás. O que posso dizer é que a curva de aprendizado do BaseCamp foi BEM menor que a do Google MyMaps e suas camadas, exportação, conversão e importação de rotas, fora a óbvia vantagem de não depender de conexão da Internet (e sua costumeira lentidão e espera) para sua utilização. 

 
Tela do Basecamp já com algumas rotas planejadas 

Como a aplicação é da própria Garmin, integra-se de forma transparente com os equipamentos da marca, sem precisar de conversão de arquivos, importação, e afins. E mais, você até pode (se quiser) importar listas de pontos de interesse criadas por exemplo no MyMaps, para a partir delas planejar seus trajetos de passseios. Os pontos de interesse de Goiânia na tela acima foram importados do MyMaps (exportado para KMZ/KML, convertendo para GPX on-line e aí então importados para o BaseCamp). 

Conclusões


Você PRECISA de um GPS dedicado ou um smartphone resolve? Depende muito do que você quer fazer. O tipo de roteamento que eu queria fazer não era impossível de fazer em aplicativos de smartphone, mas o processo era muito trabalhoso, para não dizer chato. Então, dentro do que EU queria, valeu o investimento. 

Você precisa? Você é quem sabe. Navegador GPS dedicado é um produto para nicho bem específico. Eu diria que a maioria absoluta dos motociclistas e moto viajantes NÃO precisam de um.

Se você não faz questão de planejar suas rotas escolhendo detalhadamente o caminho, se apenas a rota do ponto A ao ponto B é o que você deseja, um GPS dedicado é praticamente desnecessário. 

Se você não trafega por longos trechos sem sinal de celular, o GPS dedicado é praticamente desnecessário (e mesmo no Google Maps há a opção de baixar os mapas antecipadamente para uso offline, então mesmo o uso de longos trechos sem sinal de celular não é uma justificativa suficiente para usar um GPS dedicado).

Se você não faz questão de operar o aparelho com luvas, o GPS dedicado é desnecessário. 

Se você não pretende fazer tracklog (isto é, utilizar os registros do GPS para consulta futura), o GPS dedicado é desnecessário.

Se você não pretende compartilhar seus planos de viagem com outros motoviajantes de forma fácil e direta (simplesmente enviando arquivos), o GPS dedicado é desnecessário. Sim, você pode usar ferramentas online como o Google Maps e MyMaps para isso... mas se o motoviajante amigo já usa um GPS dedicado, é mais fácil simplesmente compartilhar arquivos.

Se você pretende rodar por caminhos off-road (não e meu caso), o GPS dedicado é praticamente obrigatório, os aplicativos de smartphone são inúteis nesse cenário, além da óbvia fragilidade física dos telefones (o GPS motociclístico é mais "reforçado"). 

Em suma, se você precisa de pelo menos 3 das funcionalidades acima, eu acho que vale à pena considerar abrir a carteira e comprar um GPS dedicado. Um Zumo usado série 200 custa em torno de 1000 reais no ML. Ainda é mais em conta (e com certeza muito mais resistente à "pauleira") que a maioria absoluta dos smartphones do mercado.

6 comentários:

  1. Sensacional irmão, agora é só comer o asfalto e com destino bem mapeado!

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  2. Muito bom comentário, com uma visão clara das suas opções. Parabéns.

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  3. Olá Bira, depois de algumas viagens, o que tem achado desse aparelho, vi alguns post nos EUA dizendo que ele é confuso. Hoje a Garmin não está mais no Brasil, você sabe se existe alguma assistência técnica em caso de defeito?

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    Respostas
    1. opa!

      o comentário ficou perdido na moderação... rsrsrs.

      Então, nada tenho a reclamar do aparelho. Não acho ele confuso não.

      Sobre assistência técnica, ao que me consta ainda existe atendimento, mesmo com a saída da marca (por obrigação legal). Mesmo que fiquemos sem, tem muito técnico particular por aí capaz de dar conserto em aparelho de GPS Garmin.

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