domingo, 20 de setembro de 2020

Viagem Brasília-Buenos Aires (volta) - 27º Dia (23/04/2019)

Vigésimo-sétimo dia - rumo à Serra do Rio do Rastro (23/04/2019)

Com a moto devidamente reparada no dia anterior, foi o dia de fazer o check-out do Ibis de Florianópolis e pegar a estrada. O que faltava ser decidido era: seguir rumo para casa ou fazer um desvio para a Serra do Rio do Rastro, voltando quase 200km?

Bom, o tempo no alto da serra é uma incógnita e imprevisível. Pode uma hora estar bom e fechar tudo e vice-versa. A previsão era de tempo "médio" (encoberto mas sem chuva) então pensei: bah, já tô aqui mesmo, vir a Santa Catarina de moto e não dar uma voltinha na SRR é igual ir ao Vaticano e não assistir a uma missa rezada pelo Papa. Então, fui.

Peguei a BR-101 Sul sentido Porto Alegre, até Tubarão/SC, onde inicia-se o caminho para a Serra, passando por cidades como Braço do Norte, São Ludgero e Orleans, até chegar a Lauro Müller, no pé da serra.

Vale citar a curiosidade das variedade de colonizações em Santa Catarina. Florianópolis é uma cidade de colonização majoritariamente portuguesa (especialmente açoreana). Você passa por São Ludgero que é uma cidade que (embora não tenha as construções estilo enxaimel comuns de se ver em Blumenau por exemplo) é tipicamente alemã, com direito a mensagens em português e alemão nos pórticos da cidade (Bem-Vindo/Wilkommen e Boa Viagem/Guten Rasen). E logo depois de São Ludgero, vem Orleans, cidade que apesar do nome "francês" é uma cidade tipicamente ITALIANA, considerada como cidade-irmã de Ala, na região do Trento.

Por volta de meio-dia eu chegava a Lauro Müller, e fiz a foto tradicional na frente da placa da rodovia.


Posso dizer que peguei tempo bom. Não peguei chuva e a temperatura estava bem agradável. Apenas nos 3-4km finais da subida da Serra do Rio do Rastro a cerração fechou, deixando a visibilidade quase a zero.

Parei no mirante para as tradicionais fotos (mesmo não dando pra ver nada), encontrei um grupo de motociclistas de Belo Horizonte/MG e decidi deixar para fazer as fotos da descida (nos locais onde dá pra parar) amanhã no retorno. 



Os quatis, como sempre esfomeados e curiosos, ficam rodeando tudo e todos atrás de comida.


Apesar do tiro ter sido curto, meu corpo ainda estava bem cansado do trabalho de oficina de ontem e achei melhor seguir meu rumo até Urubici.

Cara de cansado...

Parei em Bom Jardim da Serra para abastecer a moto e sacar um dinheiro no banco,  e os caixas eletrônicos da agência não reconheciam minha impressão digital nem a pau. Tive que encarar a fila do atendimento e com isso perdi quase uma hora (detalhe, apenas cinco pessoas na minha frente...). Pelo menos esse desvio serviu para eu fazer umas fotos legais na frente da Igreja Matriz de Bom Jardim da Serra.


Pensei em almoçar na churrascaria Cascata (tradicional entre os motociclistas) mas aquele estacionamento em brita que vi quando passei na porta na ida para o centro da cidade me fez desistir da ideia. Então segui direto para Urubici.

A estrada para Urubici está em ótimo estado, tem um visual sensacional e curvas bem gostosas para pilotar a moto (devo dizer, mais divertidas que aquelas curvas travadassas da SRR).

Peguei chuva apenas em um pequeno trecho (uns 10km, nem conta como chuva) pouco antes da chegada a Urubici. Aliás, que lugar lindo é a entrada da cidade!!!!! Nem me lembrava mais como era da minha visita em 2015.

Fui direto para a Pousada Motogaragem, fiz o check-in e saí pro Posto Serra Azul para almoçar (já passava das 15:30).


Lá encontrei um grupo de motociclistas de São Paulo. Bati um papo, nem cheguei a trocar contato com os casais e vim embora para a pousada.

A Motogaragem é uma pousada feita de motociclistas para motociclistas. É super simples: os quartos tem apenas o essencial (um bom chuveiro, uma cama excelente, a necessária calefação e um wi-fi de ótima velocidade de conexão - importante já que internet móvel - ao menos da Claro - simplesmente não funciona na região). Não tem nem TV (que na minha opinião é algo totalmente desnecessário, há 27 dias eu praticamente não ligo uma TV) nem um frigobar (esse poderia existir, seria interessante para que os visitantes estocassem uma água ou até uma cervejinha por exemplo). Mas o grande charme da Motogaragem é o fato de os quartos serem garagens: você guarda sua moto DENTRO do quarto (isso nos 4 quartos privativos - isso não vale para o "hostel" de dormitório compartilhado).

quarto com vista para a moto 

No final do dia os "mineirim" do Morcegando Motogrupo (que encontrei no Mirante da Serra) pararam aqui na Motogaragem também.

De noite saí pra jantar, peguei um táxi para ir até o Montês (indicado por um colega do trabalho) mas estava fechado. Acabei parando em outro restaurante, o Manali Bistrô. Comi uma (sensacional) truta acompanhada de massa ao pesto e um vinho da região (Torii Cabernet Sauvignon 2014, da vinícola Hiragami, uma grata surpresa).


Na volta, quem disse que eu consegui outro táxi?  Nenhum dos telefones dos taxistas da cidade sequer atendia mais.  

ruas desertas após as 22h

Após 15 minutos de tentativa de chamar um táxi pela equipe do restaurante, desisti. Teria que caminhar 2km até a pousada. Fui andando, mas pelo caminho resolvi apelar pro "dedo polegar" e, pasmem: consegui uma carona em uma camionete. Nunca fiz isso (pegar carona com completos desconhecidos na base do "polegar") na vida, haha. Pra tudo tem uma primeira vez.

Cheguei ao hotel, assisti alguns episódios de Star Trek Discovery na Netflix (terminei a temporada na verdade), e fui dormir por volta de 01:30.

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