Hoje (22 de maio de 2018) vão-se 2 anos desde que um dos nossos irmãos motociclistas foi ASSASSINADO por uma motorista sem noção que teclava ao volante.
(foto: Helio Montferre/Esp. CB/D.A Press)
Vou ser bem sincero. O Dudu (Antonio Eduardo Mendes, 52 anos), não era uma pessoa do meu círculo próximo de amizades. Era, para mim, apenas um conhecido, uma pessoa alegre que sempre estava nos passeios promovidos pelo Harley Owners Group - HOG, executando sua função de Road Captain, ou seja, o responsável pela segurança de todo o grupo.
O Dudu tinha motociclismo na veia, mas levava a segurança na condução muito a sério. Sempre foi um cara extremamente cuidadoso e responsável ao pilotar sua moto e ao controlar os grandes pelotões dos passeios do HOG aqui em Brasília.
Na tarde do dia 22/05/2016, ele estava voltando justamente de um desses passeios do HOG, na companhia da Tatiana, outra motociclista do grupo, quando, ao reduzirem as velocidades por conta de uma ondulação transversal (lombada) na pista, foram atropelados violentamente pelo Hyundai ix35 conduzido por uma senhora que teclava ao celular enquanto dirigia.
(Foto: Corpo de Bombeiros do DF/Divulgação)
Câmeras de segurança do posto de gasolina em frente ao local do atropelamento não só flagraram que a motorista sequer reduziu a velocidade do SUV (mostrando que estava completamente desatenta, já que é fato conhecido que naquele local existe um "quebra-molas"), mas ainda mostraram que (num provável momento de desespero após a batida) ela ainda DEU RÉ no veículo, passando com suas rodas por cima da caixa torácica do Dudu e o matando na hora. Talvez, não fosse essa "rezinha" no carro, ele estaria vivo e contando a história para todos nós, mas o fato é que nem mesmo o atropelamento inicial teria ocorrido se a motorista estivesse atenta ao volante de seu enorme SUV (pô, como não ver duas motos enormes na sua frente?) em vez de ficar mexendo na porcaria do celular enquanto dirigia.
Duas semanas depois, outra motociclista foi atropelada e morta no Eixo Monumental, acidente também causado pelo celular ao volante. E eu mesmo não fiquei incólume: exatamente um mês após o atropelamento e morte do Dudu (quando estávamos pegando forte na campanha "PARE DE DIRIGIR TECLANDO"), eu estava parado em um sinal de trânsito no Setor de Autarquias Sul (atrás de um carro-forte, pois ia entrar à direita), quando o motorista desatento de um Renault Sandero (também ao celular, como eu vi pelo retrovisor antes de ele me bater - o carro blindado à minha frente me impediu de me evadir do motorista distraído, eu simplesmente vi que ele vinha e esperei bater) acertou a traseira da minha moto, (por sorte apenas danos materiais). Mas, eu estava lá caído e estendido no chão (talvez sem ferimentos por eu já ter antecipado a batida), e o cara vem ver se tá tudo bem, COM O CELULAR NA MÃO E DESTRAVADO NA TELA DO WHATSAPP.
Por sorte no meu caso não passou de um susto e um pára-lamas amassado
(que custou quase 10 mil reais à seguradora do motorista desatento - sim, peça de lataria de Harley é cara desse jeito)
Passados dois anos, promessas foram feitas pelos órgãos de trânsito, que iriam intensificar a fiscalização contra o uso do celular ao volante, mas o fato é que isso não tem adiantado NADA (se é que o Detran/DF cumpriu a promessa). As pessoas continuam usando o celular o tempo todo enquanto dirigem, sendo INCAPAZES de se desconectar da internet, do Facebook, do WhatsApp enquanto deveriam ter sua atenção completa e irrestrita ao trânsito.
Observe qualquer carro "cambaleando" entre as faixas no trânsito, travando a faixa da esquerda em velocidade baixa demais, e notará: o motorista está mexendo na PORCARIA do celular enquanto dirige.
Pessoas que são incapazes de entender o risco a que submetem terceiros (e a si próprias) por ficarem futucando a droga do telefone enquanto dirigem não são pessoas dignas de viver em sociedade. São egoístas ao extremo, achando mais importante ficar "antenado" nas redes sociais do que garantir a segurança de todos a sua volta. E não estou falando de motociclistas apenas: o fenômeno ocorre em qualquer lugar, seja numa via expressa com veículos a 80km/h (situação em que um acidente pode ser fatal), seja numa ruazinha local com crianças brincando, SEMPRE vai ter um "abençoado" que se acha no direito de ficar textando enquanto dirige (e que se lasque toda a sociedade à sua volta).
Um dos nossos atos (o cara de colete jeans azul claro sou eu mesmo)
(Foto: Mateus Vidigal/G1)
(Foto: Mateus Vidigal/G1)
Trata-se de uma infração tão perigosa quanto o consumo de álcool antes de dirigir, mas que não recebe a mesma atenção das autoridades.
Sério mesmo, se você é totalmente incapaz de largar seu telefone até mesmo quando dirige, venda seu carro e ande de táxi, de ônibus, de metrô, de Uber... Falta de opção de transporte não é desculpa para colocar a si mesmo e a terceiros em risco de MORTE.
Você acha que estou sendo alarmista? Parcial pelo fato de eu ser motorista e motociclista e também ter sido atropelado por um ser teclante? Então, leia o artigo a seguir e tenha noção do perigo que você se submete (e aos outros) quando opta por verificar seu WhatsApp ou fazer uma "transmissão ao vivo para o Instagram" (tem gente famosa que adora fazer isso) enquanto dirige seu carro:
Se não quiser ler o artigo todo, leia pelo menos este trecho (em letras enormes para chamar sua atenção):
"O Cesvi Mapfre (Centro de Experimentação e Segurança Viária) monitorou voluntários utilizando smartphones ao volante e identificou que o tempo médio máximo de interação com os aparelhos sem olhar para o trânsito chegou 4,5 segundos. Parece pouco, mas dirigindo no limite de uma avenida como a Paulista, a 50 km/h, o motorista percorre 62,5 metros ‘às cegas’ ."
62,5 metros em 4,5 segundos sem olhar a pista. Cara, é muita coisa. MUITO pode acontecer em 62 metros. Em 62 metros, uma batida ou atropelamento pode ser evitada. Um SUV de grande porte como o que atropelou o Dudu e a Tatiana (aquela via é de 50 km/h) poderia ter parado em 45 metros, deixando o equivalente a 3 carros de distância. Mas não, a motorista não estava atenta e os acertou a pelo menos 50 km/h.
Então, eu digo e afirmo: se você não é capaz de largar seu smartphone de jeito nenhum enquanto dirige (usá-lo como GPS no painel do carro é perfeitamente aceitável desde que você não fique futucando o aparelho e pesquisando endereço com o carro em movimento), você é parte do problema, e é um assassino em potencial.
Tenha amor ao próximo. Se não consegue se "desligar", tranque o celular no porta-luvas do seu carro enquanto estiver ao volante. Pedestres, ciclistas, motociclistas e outros motoristas agradecem seu esforço por um trânsito mais civilizado. E, lembre-se sempre:
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