quarta-feira, 1 de abril de 2020

Viagem Brasília-Buenos Aires (volta) - 26º Dia (22/04/2019)

Vigésimo-sexto dia - reparos (22/04/2019)


Acordei cedo e tomei meu café da manhã, pensando no problema.

Como não poderia mexer na moto na garagem do hotel, pedi socorro ao André Blanck, da Garage 72, em Rio Vermelho. Ele estava com serviço na oficina e não poderia me atender, mas deixou que eu usasse seu espaço para mexer na moto por conta própria.

Então...fiz.

Primeiramente deitei no chão para conferir a fiação se estava desconectada.... não estava, estava partida mesmo.

Uma das presilhas que prendem o cabeamento ao paralamas traseiro quebrou-se (na verdade o que quebrou foi o "enforca gato" (abraçadeira plástica) que prendia o cabo à presilha) e com isso o chicote ficou solto e foi devidamente "comido" pelo pneu traseiro. Muito provavelmente isso ocorreu por conta do amassado leve decorrente da batida em Buenos Aires. 

Para fazer o reparo corretamente (refazer o chicote e emendar direito os fios) eu teria que remover o chicote da moto. Para isso, eu teria que remover o pára-lamas traseiro. Então, comecei a desmontagem.


Tirando tourpak, alforges e preparando pra tirar o suporte de placa


Tive que efetivamente desmontar quase a traseira toda da moto (exceto suspensão, roda e freios) para poder trabalhar no chicote. Acabei descobrindo também que o "totó" do taxista argentino causou, sim, danos ao pára-lama traseiro (mas nada absurdo ou impossível de reparar).

Tudo fora

Tive que fazer algumas das ligações na base da tentativa e erro, já que o chicote possui algumas ligações difíceis de identificar (fios de iguais cores em funções diferentes), mas ao final, depois de 4h30 de serviço (entre desmontagem, reparo e remontagem), entre mortos e feridos eu tinha uma motocicleta 100% funcional de novo.


Bora trabalhar

Depois de 4h30, uma moto novamente 100% funcional


Minha eterna gratidão ao Blanck (eu ia visitá-lo de qualquer forma, mesmo que não tivesse tido problema algum na moto) por me permitir usar seu espaço para o reparo (e pelas dicas de solda, já que nunca fui muito bom em fazer emenda de fio com solda - agora aprendi como fazer!!!).

Cabra gente boa.... Blanck, sou eternamente grato pela força!

Fica a dica: se você gosta de fazer longas viagens de moto, é importante conhecer bem sua própria moto e saber um básico de mecâncica/elétrica, nem que seja para fazer uma gambiarra (ou um reparo caprichado como eu fiz hahaha) para seguir viagem e não voltar de guincho. No meu caso nem "concessionária" existe (só uma meia dúzia de postos de serviço autorizados pelo país), mas vamos supor que eu estivesse viajando numa HD por exemplo, não é em todo lugar que tem uma concessionária ou um mecânico especializado à disposição. Não dá nem mesmo para confiar no serviço de desmontagem de roda de muito borracheiro de beira de estrada.

Sim, esse reparo que fiz seria meio impraticável de fazer no acostamento da rodovia (mas não em qualquer oficina, bastando o espaço pra trabalhar ou um bom eletricista à disposição) , mas ainda que não impeça a moto de rodar, seria aquele defeito capaz de acabar com a viagem caso eu não tivesse o conhecimento para fazer o reparo (ou, na pior das hipóteses, não achasse alguém para fazer o reparo - lembrando que se eu parasse em um auto-eletricista para consertar o chicote provavelmente a tarefa de desmontar a traseira da moto seria totalmente por minha conta). Sim, não impede a moto de rodar mas definitivamente não é uma boa idéia rodar quase 2.000km (já que estou em rota de volta pra casa) sem setas e lanterna traseira, além de diminuir 90% da visibilidade da moto há o risco de ter problemas com a fiscalização de trânsito, então não dá. Sem esse conhecimento básico, a viagem estaria terminada (na pior das hipóteses seguiria direto pra casa pela rota mais curta, abortando os passeios programados e correndo o risco de ser guinchado pela polícia), já que a oficina credenciada Indian mais próxima (em Blumenau) pede pelo menos 20 dias para qualquer peça fora do padrão.

Quer fazer uma viagem de moto bem bacana? Faça. Mas busque um mínimo de conhecimento antes.

Acabou que saí da oficina do Blanck por volta de 15h30, então voltei direto para o hotel (quase 1h no trânsito), para tomar AQUELE banho (estava podre e imundo) e colocar uma  roupa limpa, para só então almoçar (ou, dado o avançado do horário, "almojantar").

Pesquisando no TripAdvisor, como era uma segunda-feira (dia de muitos restaurantes fechados) achei pouquíssimas opções de locais que ainda estivesse aberto antes das 18h (fora comida de shopping que eu não queria, e também não queria comida do hotel - já que fiquei o dia inteiro sem comer queria ir num lugar LEGAL). Acabei, pelo próprio aplicativo, descobrindo o "D.O. Pescador", do chef Alysson Mueller, um dos "tops" de Floripa. Bah, já que seria minha única refeição do dia mesmo,vou pra lá. Peguei um Uber e fui, deixei a moto na garagem do hotel, já que merecia um bom vinho. 

Devo dizer: o lugar é grã-fino (fica no hotel Blue Tree) mas o atendimento é sensacional e mesmo considerando meu visual "largadão" fui extremamente bem atendido. 



Comi mais ostra (na entrada) e de prato principal um bacalhau (que é o carro-chefe da casa, embora no cardápio conste como prato para duas pessoas eles fazem meia-porção). Melhor bacalhau de todos (nota, nunca fui a Portugal, então...). 



Muito bem "almojantado", cansado de ter ficado desmontando moto no dia que eu tinha reservado para descansar, voltei para o hotel, fui dormir cedo, para decidir o que fazer amanhã, se voltar 200km sentido sul para pelo menos dar uma voltinha até a Serra do Rio do Rastro ou se iniciar a volta para casa. 

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