Décimo-quinto dia. Deixando Buenos Aires depois de um susto (11/04/2019)
Nossa passagem de Buquebus rumo a Colonia del Sacramento estava marcada para as 11 da manhã. Sabendo do inferno que é o trânsito de Buenos Aires (especialmente na região do Puerto Madero), achamos por bem sair mais cedo para evitar atrasos.
Iniciamos nossa "operação de guerra" para fazer o check-out do apartamento alugado via AirBnB, já que a proprietária não poderia pegar a chave pessoalmente:
- Descer com a bagagem
- Acomodar a bagagem na moto
- Tirar a moto da garagem pelo elevador (necessário o controle remoto junto com a chave)
- Abrir a portaria e DEIXAR ABERTA (mesmo por dentro só abre com a chave)
- Voltar ao sétimo andar, abrir o apartamento, colocar a chave sobre o balcão e bater a porta
- Sair e fechar a portaria
Enquanto esperava minha esposa subir com a chave e voltar, aproveitei pra fazer umas fotinhas das redondezas do apartamento:
Havia chovido a noite inteira (e estava uma garoinha bem insistente), e devo dizer: o asfalto portenho é EXTREMAMENTE escorregadio. Chega a ser pior que o asfalto de Brasília nas primeiras chuvas do ano (quando todo o óleo e terra acumulados durante os seis meses de seca viram um verdadeiro sabão), então a cada parada com a moto eu tinha a sensação nítida que meu pé ia escorregar e iríamos eu, minha esposa e a moto pro chão.
Numa dessas, quando estavamos perto da Av. Nove de Julho, eu todo atrapalhado naquele "anda e para" do trânsito portenho, com a moto esquentando absurdo no meio das minhas pernas, sem conseguir firmar o pé direito (pois a sola da bota não dava aderência naquele sabão), na hora em que estou saindo (devagar pra não cair)... paf!
Um taxista afobadinho acerta a traseira da moto.
Sério, acho que o pânico da hora me fez conseguir TRAVAR A BOTA no chão para que não caíssemos. Não sei como , mas não escorreguei e não caímos.
Encostei uns 30 metros mais à frente para conferir os danos (aparentemente nenhum - mas depois de alguns dias descobri que meu pára-lamas traseiro amassou na pancada) fiquei olhando feio pro taxista mandando ele embora e dizendo pra ele se f*der (e vendo o capô do Siena dele totalmente afundado pelo suporte do tour-pak) e fui embora. "Cada um paga o seu" né?
(em tempo: mesmo com esse "incidente" e um pouquinho de prejuízo descoberto alguns dias depois, ainda acho que valeu à pena atravessar de moto pra Bs As - eu queria fazer isso, de atravessar no Buque com minha própria moto, então fiz! tá valendo!).
Recuperados do susto, passamos em frente ao Obelisco no caminho para o Puerto Madero, e finalmente chegamos ao terminal do Buquebus.
Fizemos um lanche rápido (últimas medialunas de Buenos Aires), e os trâmites de embarque/aduana. Voltei para a área de veículos enquanto Clarissa seguiu para o embarque de passageiros.
E logo estávamos no Buquebus "Atlantic", mais antigo que o "Francisco Papa" mas com uma estrutura diferente, rumo a Colonia. Aguardei amarrarem direito a moto no piso do ferry-boat...
... e subi para a área de passageiros, de onde nos despedimos da Argentina.
Chegamos a Colonia por volta de 13:00, e nos preparamos para sair logo do Buque e seguir para o hotel.
Ficamos no Costa Colonia, o mesmo hotel em que fiquei na minha estada "sozinho" há alguns dias. Só que dessa vez peguei um quarto com vista (a seguir uma imagem já do final da tarde).
Segue aqui o vídeo do passeio do dia, com direito ao registro do "empurrão" do taxista. (Não se esqueça, os vídeos são em 360 graus, então você pode girar a câmera à vontade, e por isso mesmo é melhor visto em tela cheia):
Checando no TripAdvisor, vimos alguns bons restaurantes na cidade e chamamos o remis. Perguntando ao motorista, dentre os três restaurantes indicados qual seria o melhor deles, ele foi taxativo: "vão ao Charco Bistro que não se arrependerão, é de longe o melhor". De fato, posso dizer que o Charco Bistro está entre os melhores (se não o melhor) restaurantes em que comemos durante toda a viagem. O restaurante fica dentro de uma pousada na área histórica de Colonia, com vista para o Rio da Prata. O cardápio é sensacional, a carta de vinhos idem (tomamos um vinho Tannat da própria região).
Dizem que o "Uruguai é caro". Não acho. Talvez seja meu referencial distorcido por morar em Brasília (cidade BEM cara), sei lá. Claro, Buenos Aires é muito mais em conta, mas daí a dizer que o Uruguai é caro? Não, eu diria "menos barato".
Nosso almoço, composto por entrada (cubierto, o couvert deles, para dois), dois pratos individuais (uma bondiola de cerdo - paleta suína - para ela, eu pedi um carré de cordeiro, ambos com acompanhamentos sensacionais), mais um vinho excelente (não era dos mais baratos da carta) e um tiramisú (dividido por dois) de sobremesa saiu por aproximadamente 290 reais, sem considerar o desconto de aproximadamente 18% do IVA que já vem direto na fatura do cartão. Para comparação, em qualquer restaurante de mesmo padrão aqui em Brasília, com 290 reais eu não tomaria sequer um vinho de igual qualidade (o vinho foi quase metade do valor da conta - 1200 pesos - aproximadamente 120 reais - em um vinho LOCAL é um valor BEM alto para os padrões uruguaios). E nem preciso dizer que sobrou comida (os pratos são absurdamente bem servidos), que levamos para o jantar.
Como a manhã em Buenos Aires tinha sido cansativa e estressante, resolvemos deixar para explorar a cidade no dia seguinte. Então tirei a tarde para tentar resolver o problema da minha buzina, que já me irritava há dias com seu funcionamento intermitente e estava me deixando em apuros, não funcionando quando eu mais precisava dela.
Peguei um remis, fui a uma tienda de auto repuestos (loja de auto-peças) , comprei uma buzina de carro e montei na moto. Deixei a corneta lá, retirei apenas o compressor da buzina a ar e liguei a buzina "temporária", decidindo por deixar pra fazer o reparo definitivo apenas após chegar em casa.
O resto do dia foi de descanso.
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