sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

DOS ARQUIVOS - Um pouco da minha vida motociclista (parte 4) - Entram as HDs.

Então, na primeira parte deste artigo contei a história de como comecei a andar de moto, e na segunda parte como eu evoluí de um "curioso" para alguém que realmente se interessava pelo assunto. Na terceira parte mudanças diversas na vida e a entrada das "cruisers".

Agora, na quarta parte, vamos à entrada das Harley-Davidsons na minha vida!





O fato é: eu, desde que assumi o financiamento da Mirage (e comecei a usá-la diariamente), comecei a tomar gosto pelas Cruisers (ou "Customs" como as chamamos aqui no Brasil). Então, comecei a me preparar financeiramente para a compra de uma moto maior.

Entrei num plano de consórcio e quando tive o dinheiro para o lance, pronto, fui contemplado. Por sorte vendi a Mirage também muito rápido, a moto acabou sendo vendida para o Raphael, que hoje (não está mais com a moto) é um grande amigo meu.

Aí foi sair à procura de uma moto legal. Cheguei a considerar algumas alternativas japonesas como a Midnight Star (Yamaha) e a Vulcan 900 (Kawasaki), que atendiam bem ao meu propósito. A Boulevard M800 (Suzuki) e a Shadow 750 (Honda) não me agradavam no quesito pilotagem.  Eu não queria big trails, pois já havia me habituado ao estilo de pilotagem que as cruisers nos obrigam a ter (mais, digamos, "comedido", por conta do asfalto ruim - você se sente meio "invulnerável" de trail).

Na pesquisa inicial acabei descobrindo que havia Harley-Davidsons que cabiam no orçamento. Poderia pegar uma Dyna FXD ou uma Sportster. Geralmente as Dynas que cabiam no orçamento estavam bem mais velhas e, sabendo das peculiaridades de manutenção das HDs, não queria pegar algo que tivesse algum potencial de me dar dor de cabeça, então resolvi procurar uma Sportster mais nova e conservada.

Acabei encontrando aqui em Brasília mesmo uma ótima oportunidade: uma Sportster 883R, ano 2009, laranja, POUQUÍSSIMO rodada (8000km) e MUITO BEM equipada, com acessórios de "grife". Banco solo Roland Sands, painel Dakota Digital, escapamento H-D Screamin´ Eagle... dentre outras coisinhas "menores" (e, é claro, todas as peças originais guardadinhas).  A moto estava por um preço excelente, digamos que se considerasse o preço dos acessórios aqui no Brasil e um deságio pelo uso a moto me saiu por menos de 20 mil reais, o que na época era um preço excelente.

A 883R quando a comprei

É fato, a moto não era perfeita para mim, havia algumas coisas que já estavam nos meus planos modificar. Alforges para mim seriam essenciais para o uso diário (odeio pilotar com mochila nas costas) e a posição de pilotagem precisava de ajustes (comandos avançados e um guidão um pouco mais alto).

Encomendei o conjunto de comandos avançados em uma loja aqui de Brasília, que instalou e deixou tudo funcionando. O guidão comprei um mini-ape na EHD.

Levei em uma oficina considerada conceituada em HDs aqui da cidade (não vou falar o nome, mas  o fato é que ela já fechou as portas) para fazer a revisão dos 8000km e instalar o guidão.

O técnico deixou o cabo da embreagem enforcado, e o fato é que eu quase não cheguei em casa por causa disso, a embreagem fritou (pra valer!!) na primeira subida que era perto da minha residência.

Posso dizer que a "saga" da embreagem foi uma verdadeira via-crúcis. Dentre duas trocas (uma delas desnecessária) do jogo de discos de fricção, orientações equivocadas do mecânico "especialista", fiquei de saco cheio, comprei o manual de serviço e colocar mãos a obra por conta própria.

Bom, o fato é que o diagnóstico de uma embreagem com problemas passa por quatro passos, que devem ser seguidos na ordem:

1 - conferir o ajuste cabo (ok, não pegava ajuste);
2- conferir o pressure plate;
3 - conferir a mola diafragma;
4 - conferir os discos;
5 - conferir o cesto.

Ou seja, o referido mecânico por duas vezes (lembrando, é claro, que o problema de fato só ocorreu por erro dele na montagem do guidão) pulou os passos 2 e 3 e culpou diretamente o 4, e ainda soltou um "embreagem de Sportster é problemática mesmo, vai se acostumando" e  "as peças que você comprou são de péssima qualidade" (pô, embreagem Barnett é ruim?).

Comprei um pressure plate (peça bem barata aliás, na época custava em torno de 100 reais) , mandei fazer a ferramenta e... bingo! voltou a funcionar. Acabei colocando (por desencargo de consciência) um terceiro jogo de discos (novos, novamente Barnett).

Esse meu "reparo" aguentou por mais 20 mil km, quando tive problemas de novo, aí descobri que o cesto havia sido danificado também quando a embreagem fritou da primeira vez (o que ocasionou o desgaste prematuro dos novos discos que foram embora com apenas 20 mil km). Dessa vez levei em outro mecânico conceituado (Garage Old Bikers), e refiz TODA a embreagem com TUDO novo. Troquei até rolamentos (não era necessário mas fiz questão) e pressure plate (idem), e montei um cesto novo original e um kit de discos e mola Screamin´ Eagle. A moto ficou perfeita e está rodando bastante até hoje com seu dono novo (vendi a moto com 32 mil km em novembro de 2015, e hoje ela está com mais de 60 mil). As peças que sobraram? As que pareciam estar boas, doei para um amigo que estava precisando fazer a embreagem dele, eu mesmo fiz o reparo da moto dele, que está boa até hoje (já tem mais de 2 anos), e ainda tive cerveja de graça (pagamento do serviço e peças, hahahah) garantida por um bom tempo 😊😊 .

O fato é que qualquer pessoa "normal" teria desanimado com a moto (e até com a marca) ao primeiro sinal de problemas, mas eu sabia que o problema não era de qualidade e sim de erro humano... e não desisti da moto.

Essa 883 também foi bastante modificada por mim. Eu quis transformá-la em uma moto para viagens. Foi refeita a suspensão traseira (amortecedores Progressive Suspension 416, com ajuste de pré-carga a ar, como os das Road King), foram trocados os bancos (Wide Vintage Touring Seat da Mustang), alforges, e o principal: o tanque de combustível de 12,5l da 883R foi trocado por um de 17,5l da Sportster Custom (883C/1200C). Também troquei os pneus (faixa branca) e tampinhas diversas pretas por cromadas, visando deixar a moto com um visual mais "clássico" já que pessoalmente nunca fui um dos maiores fãs do visual das 883R com o tanque "peanut". O fato é que todas as modificações foram plug-and-play e 100% reversíveis.

A pintura do tanque foi feita pelo meu grande amigo Humberto Maia, inspirada na pintura da Harley-Davidson FLHB de 1968.

 
A inspiração...

E o resultado...

Esta moto foi uma grande "companheira de estrada", tendo sido com ela que fiz a minha primeira viagem longa de moto, rumo a Bombinhas/SC para visitar meus primos, em Março de 2015.

Nem acredito! Fui até a praia na MINHA moto!


Nessa viagem rodei bastante pelo Estado, tendo inclusive dado DUAS esticadinhas até a Serra do Rio do Rastro, destino OBRIGATÓRIO para qualquer motociclista brasileiro que se preze.

Na Serra do Rio do Rastro

Fato é que após essa viagem (da qual a minha esposa compartilhou um trecho - ela foi e voltou de avião) eu SABIA que precisava de uma moto maior, pois a Sportster , mesmo com todos os "upgrades" e ajustes, estava excelente para andar sozinho, mas insuficiente (no porte) para rodar garupado.

Pesquisei, pesquisei, corri atrás, tive paciência, procurando especificamente por uma Softail Heritage Classic (que era o que eu REALMENTE queria) até que eu vi esta belezura (não, não é a Ferrari hahaha) à venda na seção de usados da Brasília Harley-Davidson. E fechei negócio, uma Softail Deluxe ano 2014, na cor Sand Pearl/Brown.

Softail Deluxe 2014, Sand Pearl/Brown


Alguns amigos me chamam de "herege", mas eu adaptei a moto às minhas necessidades, equipando-a como uma Heritage (alforges Boss Bags, banco de Heritage - piloto e garupa - sissybar, pára-brisas, etc.).

Sim, eu transformei ela numa Heritage, e daí?

O fato é que problemas pessoais diversos me impediram de aproveitar tanto essa motocicleta quanto eu queria. A saúde do meu pai deteriorou-se muito (ele estava lutando contra um câncer de rim, e nos deixou há poucos dias, no dia 11 de janeiro) e passei a usar mais o carro que a moto.

Nesse ínterim, foi apresentada a linha 2018. Quando disponibilizadas para test-drive, andei em uma Heritage 2018 e foi "amor à primeira acelerada".

Sim, não nego, a pintura "especial" da Deluxe é muito mais bonita, mas uma volta na nova Softail me mostrou que todos os "detalhinhos de projeto" que me desagradavam na antiga Softail com motor Twin Cam haviam sido resolvidos na nova. Sugiro a leitura do meu post sobre o test-drive.

No dia 2 de janeiro, negociei uma avaliação melhor da Deluxe na troca e acabei fechando negócio. Não vou entrar em detalhes.

E agora espero a entrega da nova moto, uma FLHC Softail Heritage Classic 18/18, cor Vivid Black.

Essa ainda não é a minha!

O processo de entrega será assunto dos próximos posts, bem como informações sobre a convivência diária com a moto. Espero que minhas impressões sejam úteis para todos aqueles que estejam pensando em adquirir uma Harley-Davidson Softail com o novo motor Milwaukee-Eight.

Mas é claro, não vou deixar de falar das outras Harleys!

Aguardem as novidades!


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