quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Assunto polêmico do dia: Óleo!!! kkkkk

Já que a moda é fazer polêmica, vamos falar de assunto polêmico. Vamos falar de óleo!!! (risos)


Note que este artigo reflete as opiniões do autor do blog, após interpretar leituras diversas sobre o assunto e discussões com outros motoristas/motociclistas. Ou seja, todos são 100% livres para discordar ou gastar seu dinheiro como bem entenderem. Se, pra você, usar um óleo mais caro te dá mais conforto psicológico, use!

Podemos dizer que no meio motociclístico (e no meio automotivo também) existem dois tipos de motociclista (e motorista), no que diz respeito a óleo:


- aquele que só usa EXATAMENTE o óleo recomendado pela fábrica (até mesmo a marca e versão);
- aquele que vai apenas pelas especificações iguais ou superiores ao óleo recomendado pelo fabricante (base do óleo, viscosidade e graduação de aditivos, a famosa API). 



Tá, tem o terceiro tipo, que é o "relapso", aquele que só olha pra especificação de viscosidade (quando muito), ignorando as demais especificações do óleo e coloca o óleo mais barato que acha. 

Posso dizer com absoluta tranquilidade que, andando de moto há 13 anos (e de carro há 23), eu me enquadro no segundo grupo: aquele que considera que o respeito às especificações recomendadas é  plenamente suficiente.

Mas afinal, o que significam as especificações do óleo?

São tantas sopas de letrinha que existem no mercado de óleos que é um assunto que gera muita confusão. 

Exemplo:

Motul 7100 100% Sintético 10W40 API SM JASO MA2 


Nesta sopa de letrinhas temos várias especificações:
1 - Nome comercial do óleo: Motul 7100
2 - Base do óleo: 100% Sintético
3 - Viscosidade: 10W40 (também chamada de "Classificação SAE", já que alguns fabricantes usam a sigla SAE10W40, dá no mesmo)
4 - Classificação API: API SM (não aparece na imagem, está no verso da embalagem)
5 - Classificação JASO MA: JASO MA2
6 - Outras classificações (não se aplica na lista acima)

1 - Base do óleo


A primeira definição a considerar (já que o nome comercial é apenas isso, um nome comercial) é a BASE do óleo. Isto é: o óleo é mineral, semi-sintético ou sintético?


Esta é a definição mais básica e provavelmente a mais importante de todas, e é a que gera mais confusão. Por que? Simples. Um conceito (equivocado) muito comum é que "óleo sintético é melhor que semi-sintético que é melhor que mineral", e muita gente inclusive usa o "intervalo de troca" como justificativa para a escolha de um ou outro óleo.... Nada mais longe da verdade!!!

Mas qual a diferença entre eles? Na verdade, para nós usuários, é totalmente irrelevante. Não importa, já que você deve sempre usar óleo do tipo recomendado pelo fabricante do veículo. Não há um "melhor ou pior" entre os três tipos de base de óleo, são apenas tipos diferentes de óleo. 


Então, se o óleo indicado no manual do seu veículo é mineral, use SEMPRE mineral. Se o óleo indicado é sintético, use SEMPRE sintético. Se o óleo indicado é semi-sintético, use SEMPRE semi-sintético. Um óleo mais caro não vai fazer diferença na sua vida, se o óleo de base mais barata atende as especificações recomendadas. Note que o inverso não vale: se seu veículo tem recomendação de óleo semi-sintético ou sintético, você não deve usar mineral nunca, salvo em caso de absoluta emergência.

Um óleo sintético de igual especificação de viscosidade ao semi-sintético que você já usa (por exemplo, ambos 15W40) não trará benefício algum para a durabilidade ou funcionamento do motor, ou mesmo quanto ao intervalo de troca. Qualquer alegação de "melhor desempenho" ou "melhoria no consumo" em motores 100% originais é puramente psicológica. 

E mais, essa história de "óleo sintético dura mais" é outra lenda: o intervalo de troca de óleo é definido pelos fabricantes considerando fatores como o próprio projeto do motor e a qualidade do combustível do país. Meu carro anterior, um Nissan March, tinha recomendação de óleo mineral, com troca a cada 10.000km. O atual, um smart fortwo (fabricado pela Mercedes-Benz), usa óleo SINTÉTICO e o intervalo de troca TAMBÉM é de 10.000km. Nas motos, a mesma coisa: a Harley-Davidson recomenda óleo 100% sintético para os motores Milwaukee-Eight. O intervalo de troca é de 8.000km ou um ano, o mesmo intervalo que já era recomendado para óleo mineral nos motores Twin Cam. A Indian recomenda óleo semi-sintético para a sua linha, com o mesmo intervalo de troca, (8.000km ou um ano) e olha que na Indian é um só óleo para motor, câmbio e embreagem (ou seja, maior contaminação), e não separado como nas Harley, e estamos falando de motores de concepção bem parecida, V-Twins enormes refrigerados a ar-óleo. Então, essa historinha de "sintético dura mais" é pura lenda. 

"Aiiiin mas e os prazos de troca?". A rigor, salvo alguns casos conhecidos de "falha nas recomendações do fabricante" (para mim o mais notório foi a recomendação da Fiat para troca de óleo com 20 mil km em alguns carros, há quase 20 anos, com os famosos casos do óleo que virou graxa no motor), basta respeitar os prazos recomendados pelo fabricante (km ou tempo decorrido, o que acontecer PRIMEIRO - ou seja, se a troca é recomendada a cada 8.000km ou 1 ano, e você em um ano rodou 2.000km, troque. Se você rodou 8.000km em seis meses, troque). Tem pessoas que têm o hábito de "cortar pela metade" o prazo de troca (se o indicado é 8.000km ou 1 ano, fazem a cada 4.000km ou seis meses), mas o fato é: isso não é absolutamente necessário, salvo em situações de uso severo (e devo dizer que a "lista de uso severo" dos fabricantes é conservadora demais, colocando situações de uso normal como usar o veículo em trânsito como sendo uso severo). 


2 - Viscosidade (ou classificação SAE)


Primeiro, cabe explanar o que é viscosidade? Se você não se lembra das aulas de Física do colégio ou faculdade (eu não me lembro...rsrsr), vou refrescar a sua memória:

Viscosidade, é a capacidade que um fluido tem de escoar. Quanto mais viscoso (mais grosso) o fluido, menor a sua capacidade de escoamento, ou seja, o fluido demora mais para escorrer. A viscosidade de um fluido não é constante, varia de acordo com a temperatura. Quanto esta aumenta, a viscosidade diminui, fazendo com que o fluido escoe mais facilmente.

Antes de voltar ao óleo de motor, vamos exemplificar com um item básico que todo mundo tem em suas cozinhas: o mel (de abelhas). Por que o mel? Simples, o mel é um fluido que tem grande variação de viscosidade (visível a olho nu) com pequenas variações de temperatura. 



No verão, em temperatura ambiente, o mel tem aquela consistência "melada", que demora um pouquinho a escorrer, e você tem que apertar mais a bisnaga pra sair certo? Agora, no inverno, dependendo de onde você mora, ele pode chegar a cristalizar, ficando aparentemente sólido (mas continua sendo um fluido), muitas vezes exigindo que você o esquente em banho-maria ou no micro-ondas para poder usar.

Aí você esquenta o seu mel no micro-ondas e coloca tempo demais , e ele passará da viscosidade ideal, ficará praticamente líquido, você nem precisará "apertar" a bisnaga para tirar o óleo, bastando virá-la que ela vai escorrer como água.

Já observou esse fenômeno na sua cozinha? Com certeza já.

Agora vamos falar de óleo de motor.

A SAE (Society of Automotive Engineers) é uma associação mundial de engenheiros e especialistas técnicos relacionados aos setores aeroespacial, automotivo e de veículos comerciais. É uma associação de normas técnicas, como a nossa ABNT, e um dos (inúmeros) padrões registrados pela SAE é a classificação de viscosidade de óleos, que vamos chamar, no nosso contexto apenas de "classificação SAE".


Primeiro vale lembrar que há longos anos em um passado muito, muito distante, havia óleos específicos para inverno e para verão. Os óleos modernos não requerem essa mudança conforme a época do ano, salvo em locais com climas MUITO extremos (algo que não temos em nosso país tropical), como áreas próximas às regiões polares ou desérticas. Os óleos modernos são capazes de lubrificar o motor em climas frios e quentes, sem necessidade de substituição (novamente, salvo nos casos de climas extremos), e por esse motivo são chamados de multiviscosos.

Um código de classificação SAE para óleos multiviscosos (os óleos modernos para motor são todos multiviscosos) é composto por dois números (geralmente múltiplos de 5) separados por uma letra "W". 

O primeiro número é a viscosidade a frio, ou seja,a  viscosidade de inverno (a letra "W" significa "winter", ou seja, "inverno") . Quanto maior o número, maior a viscosidade, para o óleo suportar maiores temperaturas. Graus menores suportam baixas temperaturas sem se solidificar ou prejudicar a bombeabilidade. Isso explica porque geralmente veículos que rodam em regiões mais frias usam óleo com especificação 0W ou 5W, ao passo que aqui no Brasil geralmente utiliza-se 15W ou 20W (não havendo qualquer problema em usar um 0W num clima como o nosso desde que o fabricante recomende - lembre-se, o que realmente importa é a especificação recomendada pelo fabricante.

O segundo número, é a viscosidade a quente, ou seja, a viscosidade de verão/temperatura de funcionamento. Quanto maior o número, mais "grosso" é o óleo a temperatura ambiente. Um óleo grosso demais pode simplesmente forçar a bomba de óleo e não lubrificar. Um óleo fino demais pode ferver em temperaturas mais elevadas de funcionamento do motor (exemplo, em situações de trânsito) ou ficar fino demais e não manter a película protetora do motor. 

Exemplificando: o meu smart fortwo tem na recomendação 229.5 da Mercedes-Benz três opções de viscosidade: 0W30, 0W40 e 5W40. Já a Indian recomenda aos consumidores americanos óleo 20W40, já para o Brasil recomenda 15W50 (usando como referência o Motul 5100, com especificações SAE 15W50, API SM, JASO MA2), mantendo a opção do 20W40 como alternativa. 

Por aí, você pode notar que, a especificação de viscosidade é a mais importante de todas as recomendações do fabricante para o óleo, mais até do que a base do óleo. Sim, essa especificação admite pequenas variações conforme o clima da região onde o veículo circula (admite-se variações de -5 no índice W para regiões mais frias e +10 no índice "quente" para regiões mais quentes - note que estou falando de frio e calor extremo, não o que temos aqui no Brasil), mas não muito. 

3 - Classificação API


A API (American Petroleum Institute)  é a maior associação comercial dos EUA para a indústria de petróleo e gás natural. Alega representar cerca de 650 empresas envolvidas na produção, refinamento, distribuição e muitos outros aspectos da indústria do petróleo.

A classificação API para óleos é uma classificação de níveis de desempenho dos óleos lubrificantes, para o tipo de máquina em que será utilizado. 

Para motores com combustão por velas (isto é, todos os motores movidos a gasolina, etanol ou flex), o código sempre se iniciará pela letra "S" ("S" vem de "spark"), sendo a segunda letra a classificação de desempenho. A classificação de desempenho mais recente no mercado para óleos para motores com combustão por velas é a N. Ou seja, os óleos com classificação API SN são os mais recentes.  Se seu fabricante recomenda óleo SJ, você pode usar SK, SL, SM, SN sem qualquer problema. Já se seu fabricante  recomenda óleo SM, você não deve (novamente, salvo em caso de total emergência, nesse caso troque o óleo para o recomendado tão logo quanto possível) usar, por exemplo, óleo SJ, SL. Mas pode usar SM (o recomendado) ou SN (imediatamente superior) ou até um futuro SO, SP, SQ... até SZ numa boa. 

Geralmente a recomendação de classificação API dos fabricantes para o óleo de motor (combustão por velas) é parelha ao ano de fabricação do veículo. É uma classificação extremamente importante, pois o nível de desempenho do motor é garantido pelos aditivos usados por cada fabricante em seus óleos, e a especificação do fabricante indica o nível mínimo admitido de desempenho para o óleo a usar em seu carro/moto, não havendo qualquer impeditivo para o uso de um óleo de classificação superior:

Classificação           Ano de registro      Anos de fabricação em que
                                 da classificação     fabricantes começaram a indicar

SA/SB/SC/SD        1930/1971                 em desuso 
SE                              1972                     1971/1979         
SF                              1980                     1980/1989
SG                             1989                     1990/1993
SH                             1994                     1995/1996
SJ                              1996                     1997/2000
SL                             2001                      2002/2007
SM                            2008                      20010/2011    
SN                            2011                      2012/...

A Indian recomenda especificamente o óleo Motul 5100 (semi-sintético) 15W50 , que tem classificação API SM, para minha Roadmaster. Isto significa que posso usar qualquer óleo semi-sintético ou sintético, de viscosidade 15W50, com classificação SM ou SN, como por exemplo o Shell Advance ou o Lubrax da Petrobras que atendam as especificações. Já o SL (mais comumente encontrado e, normalmente, mais barato) não é recomendado, por ser considerado de desempenho inferior ao recomendado. 

Outras classificações API relevantes para veículos são o "GL" ("Gear Lubricant", óleo para engrenagens, diferenciais e caixas de marcha, os quais NÃO podem ser usados em motores) e o "C"  (de "Compression") para motores diesel (combustão por compressão).

3.1 - Outras classificações API

Não falaremos do óleo para diesel aqui, mas é importante lembrar das classificações de óleo para transmissão, já que geralmente são usados nas caixas de marchas de automóveis e na transmissão de motos Harley-Davidson, já que estas não compartilham o óleo de motor e transmissão como por exemplo nas Indian e motos europeias/japonesas.

A classificação de óleos GL para engrenagens, diferentemente dos óleos para motores, não consideram o desempenho, mas sim o TIPO de engrenagem em que serão utilizados. Isso significa que um óleo GL-5 NÃO É superior a um GL-4, e sim que ele é desenvolvido para uso em engrenagens de diferentes tipos e para diferentes condições de uso. O GL-4 geralmente é utilizado para caixas de mudança manuais de carros leves e motos Harley-Davidson, que operam sob condições de alta velocidade e baixo torque (ou vice-versa). Já o GL-5 é desenvolvido para condições de alta velocidade E alto torque, isto é, para engrenagens que sofrem grandes "choques" no engate, como diferenciais e caixas de marcha de caminhões. O óleo GL-5 "puro" não é "compatível" com caixas de marcha que exigem o óleo GL-4, porém existem no mercado óleos que atendem ambas as especificações (GL-4/5) . Isto significa que, na caixa de marchas de sua Harley-Davidson ou de seu carro, se a recomendação é para óleo API GL-4, você NUNCA deve usar um API GL-5, mas pode  perfeitamente usar um API GL-4/5 como o Motyl Gear da Motul que usava nas minhas Harleys e uso no meu smart. Lembre que para o óleo de câmbio também valem as especificações de viscosidade recomendadas pelo fabricante (geralmente 75W90 para caixa de marchas).


Shell Spirax GL-4/5 75W90, um exemplo de óleo para engrenagens

Aí você vai me perguntar: "vem cá, mas se o GL-5 aguenta as 'porradas' de caixa de câmbio de caminhão, ele não é melhor?". Não. São condições de uso distintas. A utilização de um óleo API GL-5 na transmissão ao invés do GL-4 irá gerar problemas de engate e “arranhamento” durante a troca de marchas, comprometendo a vida útil da caixa de mudanças. . 

4 - Classificação JASO MA


A JASO (Japanese Automotive Standards Organization) é uma organização reguladora de padrões automotivos do Japão, análoga à Society of Automotive Engineers (SAE) dos Estados Unidos. A JASO também padroniza diversos íten de lubrificação como óleos, graxas, e fluídos.

A classificação JASO MA, mais comumente vista em óleos para motos, é a classificação de desempenho de óleos para lubrificação de embreagens úmidas. Todo óleo para motocicletas deve ter alguma certificação JASO MA, que existe em três níveis (MA, MA1 e MA2, do menor para o maior desempenho). Vale a mesma regra da classificação API S para motores: você pode usar superior, mas não inferior. Se sua moto exige MA1, você pode usar MA2, mas não MA. 

"Mas na minha Harley-Davidson, a primária usa óleo separado do motor, porque devo me preocupar com isso?". Sim, a primária é separada do motor, mas a embreagem é úmida como de qualquer moto, ela apenas não compartilha, no funcionamento, o óleo do motor. E, na primária das Harleys, gerlamente a recomendação do fabricante é usar exatamente o mesmo tipo de óleo do motor, cuja recomendação geralmente é por um JASO MA2. Veja bem, isso vale até mesmo para as Sportsters, em que a caixa de marchas é lubrificada pelo mesmo óleo da primária (um sistema "intermediário" entre o "HD raiz" em que a caixa de marchas usa óleo GL-4 separado e as demais motos que usam um só reservatório óleo para câmbio/embreagem/caixa de marchas).

Há quem recomende o uso de GL-4 na primária das Sportsters, mas digo por experiência: NÃO faça isso. O óleo GL-4 tem viscosidade acima do necessário para o sistema (é muito grosso) e não é adequado para embreagens. O pessoal diz que "fica melhor", mas nem quero imaginar o que esse óleo "grosso demais" faria com a caixa de mudanças e sistema de embreagem úmida (que pede óleo específico) a longo prazo. Siga a recomendação do fabricante, nem tanto com a marca, mas com as especificações. 

E o JASO MB? O JASO MB é outra classificação, também para motocicletas, mas especificamente para lubrificação de sistemas de transmissão do tipo CVT utilizadas em scooters, e não oferece qualquer tipo de compatibilidade com a especificação JASO-MA.

Texaco Havoline
JASO MA-2 (motos com embreagem úmida) à esquerda,
JASO MB (scooters) à direita


É por isso que, via de regra, não se recomenda o uso de óleos para automóveis em motocicletas . Óleos para motores de automóveis não são adequados para uso em embreagens úmidas e não possuem classificação JASO MA. E é justamente pelo fato de as motos da Harley-Davidson não compartilharem o reservatório de óleo de motor e primária, que ela admite óleos alternativos (não-JASO) em caso de emergência (o que não ocorre com outras motocicletas). Os óleos recomendados pela Harley-Davidson para motores só possuem a classificação JASO por questão de logística: é mais fácil "vender e estocar o mesmo óleo para motor e primária do que ter estoques separados de cada óleo separados. Motores de Harley, via de regra, não necessitam de óleo com classificação JASO (já para a primária, é obrigatório, por conta da embreagem), usa-se por conveniência. (note que, em teoria, não há problema algum em usar óleo específico para motos em motores de carros - tanto é que usa-se óleo com classificação JASO MA em motores Harley-Davidson - em que a lubrificação de embreagem é separada, e carros nem usam lubrificação em embreagem - todavia, não vejo qualquer vantagem prática nisso, já que o óleo para motos é bem mais caro que o para automóveis). 

E o óleo para bengalas? (Fork Oil)

O óleo para bengalas não possui classificação API ou JASO, e pelo fato de as bengalas não estarem sujeitas a uma grande variação de temperatura (estando, basicamente,trabalhando apenas na temperatura ambiente), possuem classificação mais simples, apenas a classificação SAE de viscosidade a frio: SAE 10W, SAE 15W, etc.

Castrol Fork Oil - 10W

Gerlamente aumenta-se ou reduz-se em 5 a classificação de viscosidade recomendada pelo fabricante quando se quer uma suspensão mais mole ou mais firme, não recomendando-se variar muito além disso sob pena de risco de danos aos componentes da suspensão dianteira (risco de vazamento com óleo muito fino; risco de estouro de retentores com óleo muito viscoso). A Indian recomenda óleo 10W para os garfos da Roadmaster, mas várias pessoas nos EUA usam 15W com sucesso. O inverso ocorre em Harley-Davidson Dynas com amortecedores traseiros (com calibragem de pré-carga a ar) de Touring adaptados. Geralmente o pessoal substitui o óleo 15W utilizado nesses amortecedores pelos 10W para deixar a moto mais "macia". 

Resumo da ópera


A regra é: pode usar óleo superior à recomendação (trocar por sintético quando é recomendado o mineral, usar API SM quando a recomendação é SJ, etc): isso não te trará benefício algum (salvo para seu ego), mas NUNCA, repito, NUNCA, use óleo de especificação INFERIOR à recomendada pelo fabricante (salvo em caso de absoluta necessidade). E quanto à viscosidade, pequenas variações são admitidas em relação à recomendação do fabricante em virtude de diferenças climáticas extremas. 

Ou seja, você até pode substituir seu semi-sintético 15W50 por um sintético de mesma viscosidade, mas isso não te trará benefício algum. Seu carro/moto não vai economizar combustível (se isso acontecer será um reflexo de você mesmo "acelerando menos" com o intuito de economizar após a troca do óleo, é meramente psicológico), nem vai ficar mais potente (mesma coisa, você quererá testar e acelerará mais), tampouco o intervalo de troca vai variar. Há quem alegue que você poderá ter (com o óleo sintético) uma menor tendência de carbonização do motor ou até mesmo uma redução de emissão de poluentes, mas mesmo quanto a isso não há qualquer comprovação, apenas "achismos". Prefiro ficar com a recomendação do fabricante e não gastar dinheiro à tôa. Agora, é claro, se meu fabricante recomenda semi-sintético ou sintético, não vou usar mineral, mas se a recomendação é de mineral, não vejo razão para gastar mais no semi ou no 100% sintético. Na sua motocicleta, se a recomendação é por um óleo com classificação JASO MA, pode usar MA1 ou MA2 sem problemas! Mas se a recomendação é por um MA2, fique no MA2. 

Atente para as caixas de marcha: se pede o GL-4 , NÃO use o GL-5: ele é para trabalho pesado e seu câmbio vai estragar. Mas um óleo de classificação mista (GL-4/5) pode ser usado sem problemas, pois atende a ambos os cenários. 

Para os garfos da sua moto (suspensão dianteira), siga o recomendado pelo fabricante, a menos que queira fazer um ajuste fino para performance/conforto: para o ajuste fino, siga a "regra dos 5": diminua 5 da viscosidade se quiser deixar mais macio (mas vai perder estabilidade), ou aumente 5 caso queira deixar a moto mais "esperta" em curvas (vai perder um pouco de conforto), não mais que isso. Particularmente, prefiro ficar com a recomendação da fábrica. 

Via de regra, use o recomendado pelo fabricante do veículo e fique tranquilo. Não precisa usar exatamente a mesma marca e versão do óleo recomendado, mas pesquise as especificações do mesmo e adquira um similar. 

Na dúvida, siga o manual

E, pra fechar, outra informação importantíssima: não há problema em substituir o óleo mineral por sintético, por exemplo, durante a troca (embora não haja benefícios na prática), mas ao completar o nível do óleo NUNCA os misture. Óleos de bases diferentes reagem entre si podendo levar à formação de borra no motor e até mesmo ao entupimento de bomba de óleo, a sentença de morte para seu motor. "Ué, mas e o restinho de óleo que fica durante a troca?" . É muito pouco, diferentemente de completar com meio litro ou um litro. Na dúvida, não troque o tipo de óleo durante a troca, o mantenha. :-) 

2 comentários:

  1. Olá amigo, parabéns pelo seu post. Assunto interessante e bem polêmico mesmo. rsrsrs.

    Apenas gostaria de complementar o que escreveu. Também sou motociclista e entusiasta em mecânica e lubrificantes.

    Em conversa com engenheiros da Petrobrás, Shell, Mobil e Repsol, todos confirmam a mesma coisa que é o seguinte.

    É fato, é que os lubrificantes minerais são menos resistentes a temperatura e também a ação do combustível e por isso e degradam mais rápido.
    Devido a isso, tem maior tendência a gerar depósitos como vernizes e borras que são altamente prejudiciais ao motor.
    Aliado a isso, temos nosso combustível, rico em etanol, que acelera mais ainda essa degradação.


    O engenheiro da Repsol comentou que devido a esse fato do nosso combustível ter muito etanol, por precaução e segurança, seria necessário reduzir em
    25% o prazo de troca do lubrificante. Se por exemplo o manual recomenda a cada 3.000 km, teria que trocar com: 2.250 km.

    Outro caso que já percebi é que automóveis Honda Civic, que até 2012 tinham a recomendação de um 10w30 mineral com trocas a cada 10.000 km, mesmo que
    o usuário trocasse com 5.000 km ou 6 meses ainda assim, havia formação de verniz. Em fóruns ví vários motores com a tampa de válvulas aberta mostrando isso. O que não ocorre em
    motores Honda Civic que já usavam o 0w20 100% sintético.
    Eu acredito sim que os lubrificantes sintéticos são realmente mais estáveis e com isso permitem uma limpeza e proteção maior do motor. Porém,
    as montadoras mudam tanto de ideia, que nunca sabemos realmente no que acreditar. É complicado mesmo. Até hoje eu não entendi porque a Honda recomendava
    enfaticamente o 10w30 mineral nos manuais e de repente mudou novamente.

    No meu caso, tenho uma motociclita Suzuki Bandit 1250 S 2009, 51.000 km, injetada e refrigeração líquida. No manual da minha moto é indicado lubrificante
    SAE 20w50 API SG/SG ou SH/SJ ou superior. Vem recomendado o produto Lubrax Essencial 4T 20w50 API SL com trocas de óleo e filtro a cada 3.000 km ou 6 meses.
    É este produto e plano de manutenção vinha utilizando desde que peguei minha moto, quando tinha 20.000 km.

    Diante de alguns estudos, e aquela coisa, "será que devo ou não usar um óleo melhor?" - Resolvi testar o Motul 5100 4T 15w50 API SM.
    Produto semissintético e o queridinho da galera.
    O que percebi foi uma melhora considerável no câmbio. Muito mais macio. Praticamente livre de trancos. Partida a frio mais rápida devido a
    viscosidade 15w e a garantia de maior estabilidade térmica por ser um produto de base superiora. Claro, não estou 100% convencido em utilizar este produto.
    Meu medo é investir demais em lubrificante e ter o mesmo resultado que utilizar o lubricante recomendado de base mineral que custa 1/3 do valor do Motul ou
    ainda pior, ter algum tipo de problema substituindo a tecnologia indicada pelo fabricante.

    Como você mesmo disse, é um assunto polêmico e como sempre queremos ter a maior durabilidade possível dos motores dos nossos veículos, embora de
    forma alguma vão durar pra sempre, estudamos e testamos questões além das recomendações oficiais nos manuais.

    O fato é que os lubrificantes minerais realmente estão sendo "esculachados" e a bola da vez serão os de base sintética.

    Grato nobre, se quiser trocar mais ideias a respeito do assunto, me responde e evoluímos a prosa.

    Abraço.

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