Desde 2015 não faço uma grande viagem de moto, então chegou a hora de fazer um "viajão" novamente.
Esta viagem já estava nos meus planos desde o ano passado, a intenção original era fazer na Heritage 2018, mas como acabei comprando a Roadmaster em Outubro (e me adaptei melhor com ela do que com a Heritage) é nela que eu vou.
O roteiro
O mapa acima é apenas uma prévia do roteiro inicial, que admite variações de programação e rotas caso seja necessário ou do meu interesse.
Tirei o mês de abril inteiro de férias, de 01 a 30. Junte-se ao feriado do dia 1º de maio e o fato de o dia 1º de Abril cair numa segunda-feira (o que me dá o sábado e domingo para "emendar" nas férias), isso me dá um total de 33 dias para explorar as rodovias.
Minha intenção original era fazer a viagem inteira com minha esposa na garupa, porém, dois motivos me impedem de fazê-lo: primeiro, ela só conseguiu 10 dias de férias (12 contando o fim de semana anterior à sua saída, e 15 se considerarmos que as férias dela emendam com a Semana Santa), segundo, não chegamos a "treinar" estrada o que daria a ela uma preparação maior para aguentar mais tempo na garupa. Sim, a garupa da RM é sensacional, mas ainda não é o mesmo que viajar de carro ou avião, e ela (ainda) não está acostumada a rodar tanto tempo de moto. Na próxima, quem sabe. :-)
Com essa "restrição de calendário", então, eu sairei de Brasília no dia 30/03, sábado, rumo a Montevideo/Uruguai, passando por locais como o Rastro da Serpente(SP/PR), a Serra do Rio do Rastro(SC), Pelotas/RS e Punta del Este (Uruguai). Em aproximadamente seis dias (pelos meus cálculos) já devo estar chegando a Montevideo. No dia 07/04 (oito dias depois de minha partida) ela pegará o vôo de Brasília a Montevideo, onde me encontrará. Passaremos uns dias circulando pela região (Montevideo, Colonia, Buenos Aires) e voltaremos para o Brasil passando por Punta del Este.
Atravessaremos o Rio Grande do Sul (voltaremos juntos pela mesma rota que desci, porém excluindo a Serra do Rio do Rastro) e seguiremos para Santa Catarina rumo a Bombinhas/SC, onde ficaremos por alguns dias para visitar meus primos que também não vejo desde a viagem de 2015 (aquela que fiz na Sportster 883).
Depois de uns dias em Bombinhas, voltaremos sentido Florianópolis onde passaremos mais uns dias e ela pega o vôo de volta para Brasília.
Daí para frente, meu roteiro de volta está meio "em aberto", estou com várias ideias mas vou deixar para decidir na época.
O aprendizado da viagem de 2015
Na viagem de 2015 tive algumas "dificuldades".
A primeira delas foi óbvia: viajar e rodar com garupa em uma moto desenvolvida para uma pessoa. A minha 883 estava bem equipada para viagem, com amortecedores de Touring, alforges,tanque maior, etc. Isso faria dela uma moto sensacional para uma viagem a um. Porém, coloque uma garupa na equação e o tamanho minúsculo da motocicleta (muito curta) torna-se um enorme problema. Dá pra viajar de 883 com garupa? Dá. É bom? Depende da sua disposição e, principalmente, do nível de "parceria" da sua garupa. Foi divertido, mas extremamente cansativo (e olha que ela só rodou comigo dentro de Santa Catarina, o esquema de viagem foi parecido: vôo, me encontra na região e volta de avião). O fato é que eu tinha que andar com uma chave allen à mão: para rodar sozinho, usava uma regulagem de guidão, com garupa, usava outra. E uma moto maior TAMBÉM é mais confortável para o trecho que vou fazer sozinho.
A segunda dificuldade diz respeito à programação. Na viagem de 2015, fiz uma programação excessivamente "amarrada"e "apertada", o que acabou me trazendo dificuldades. Qualquer pequeno atraso se propagava para todo o resto da viagem... e os atrasos eram mais comuns do que se imaginava: dificuldades na saída para amarrar a bagagem (a moto não tinha alforges rígidos então rolava uma certa "paranóia" de conferir a amarração toda hora - o que não foi suficiente para evitar que eu perdesse uma capa de chuva durante a viagem de volta, hahahahaha); não considerei eventualidades no caminho (por exemplo, fiquei duas horas parado na BR-116 - tomando chuva, detalhe - devido a um acidente que bloqueou a via) nem eventuais interações com outros motociclistas (uma hora batendo papo com um motociclista candango em Araguari/MG) na viagem. Pra completar, fiquei na casa de amigos, e o pessoal acabou me levando pra sair, aí já viu... kkkk um atraso juntando ao outro, e como resultado perdi tempo, perdi hospedagens marcadas (e pagas), etc.
Então, uma das regras: salvo no destino "final" (no caso Buenos Aires, pois sei que já vou estar nas proximidades), evitar agendar hospedagem com muita antecedência. Os aplicativos de celular como o Booking e o Trivago estão aí pra isso, dá pra ajustar as reservas conforme a viagem flui (recordo de quando fui buscar a RM em Belo Horizonte: parei no posto de Paracatu/MG para abastecer e lá mesmo reservei estada num hotel onde pernoitei, a 2km do posto). E, o principal, folga na programação. Estimo ter dois ou três dias de "gordura" entre minha previsão inicial de chegada a Montevideo e o dia em que realmente preciso estar lá para buscar minha esposa no aeroporto.
A terceira, já mencionei, a questão da bagagem. Os alforges rígidos com bolsas internas são muito mais práticos, então não se perde tempo acomodando a bagagem na moto. Nada mais de ficar amarrando com um monte de cintas, conferindo se tá tudo ok, etc. Isso economiza MUITO tempo, vocês não fazem ideia.
Amarrar e conferir essa tralha toda vez que ia pegar a estrada
(e reconferir de tempos em tempos) gasta um baita tempo
(e reconferir de tempos em tempos) gasta um baita tempo
Ainda falando de bagagem, outra lição aprendida na viagem de 2015 é: de moto , leve o estritamente necessário. MESMO com o grande espaço de bagagem na RM, vou levar apenas o essencial: algumas mudas de roupa, meu material de fotografia e meu laptop/HD externo para baixar fotos e vídeos durante a viagem. Não quero ter que mandar metade da bagagem via Correios pra casa como fiz da outra vez.
olha o tamanho da "caixinha" que mandei de volta pra casa ao chegar em Florianópolis
A quarta: na IDA, que é a fase de programação mais "restrita" e que envolve compromissos, mesmo considerando a "folga" já prevista na programação (que não previ na viagem de 2015), evitar conhecer "estradinhas novas". Vou, sempre que possível, por rotas que já conheço (exceto da Serra do Rio do Rastro para baixo, que é "território inexplorado" para mim). Assim não perco tempo, como aconteceu em 2015, que inventei de fazer um desvio por Juquiá (estrada que eu nem conhecia) que me consumiu MUITO tempo e energia (é uma estrada tecnicamente difícil para o nível de experiência que eu então tinha, estava chovendo MUITO e eu estava MUITO cansado do dia anterior - e ainda saí com 5 horas de atraso por conta da "diversão" com os amigos na noite anterior). O esquema é, na fase de programação mais "restrita", usar rotas diretas, e deixar pra "conhecer novos mundos e novas civilizações, audaciosamente indo aonde você nunca esteve", apenas quando a parte "apertada" da programação já estiver sido cumprida (ou seja, fazer isso só na volta).
Outra coisa que parece boba mas que no frigir dos ovos faz perder tempo considerável: troca de viseira. Hoje em dia não há mais justificativa plausível para, em uma viagem, usar um capacete que não tenha uma viseira solar interna (como os HJC que usamos em 2015, que não dispunham do recurso). Assim, não se perde tempo parando pra trocar viseira quando chover/escurecer (caso ainda seja pego na estrada ao anoitecer, coisa que geralmente eu evito)/etc. Mudou a iluminação, choveu, ficou escuro pra usar a viseira escura? Desliza-se um botão e sobe a viseira. Clareou de novo, abriu o sol? Baixa a viseira interna. Trocar viseira, por mais que os fabricantes digam que é rápido, é algo que consome tempo (eu SEMPRE me atrapalho no processo), muitas vezes tempo precioso. Como bônus à questão de troca de viseira, uma capa de chuva mais fácil de vestir também facilita bastante. Minha capa atual tem a boca das pernas BEM larga o que facilita colocá-la sem retirar as botas (que era a parte mais chata de vestir a capa "velha"). E, dependendo do andar da viagem, a proteção provida pela carenagem da moto é suficiente, se estiver na estrada, pode nem ser necessário vestir capa (o que não acontecia na Sportster que é "toda exposta").
Outros preparativos úteis
Além da revisão geral feita recentemente e troca de pneu traseiro, acrescentei alguns "badulaques" na moto para facilitar minha vida.
Vale lembrar que em uma moto mais confortável e com maior autonomia, pára-se menos vezes durante os tiros mais longos. A RM tem uma autonomia na estrada de quase 400km (eram 215 na Sportster) e consigo rodar (como testado na viagem de Belo Horizonte para Brasília quando fui buscá-la) por horas a fio sem me cansar (na Sportster, mesmo com boa suspensão e banco conforto, de hora em hora era necessário parar para descansar - moto pequena, suspensão e bancos duros , ausência de proteção contra o vento e falta de experiência de estrada cobraram seu preço). Além disso, coloquei um porta-copos (removível, pra usar só na estrada), assim em tese até dá pra comprar uma aguinha mineral quando parar pra abastecer e, assim, quando precisar me hidratar, não preciso perder tempo para comprar outra, só parar a moto rapidinho no acostamento e tomar umas goladas. Claro, isso não elimina a necessidade das paradas para descanso, é óbvio. Mas facilita muito, principalmente no primeiro dia, o monótono e conhecido trecho das BR-040/050 até o interior de São Paulo.
É um badulaque feio e esquisito, mas é de engate rápido então só uso na estrada.
Também tenho um para a garupa, que vai preso ao baú traseiro.
Também tenho um para a garupa, que vai preso ao baú traseiro.
Claro, eu muito provavelmente não devo rodar 400km sem parar, sempre tem algum local interessante pra bater uma fotinha o que acaba dando aquela oportunidade de esticar as pernas. Mas... se precisar rodar direto uns 300, é bom variar a posição das pernas. Então, um acessório muito útil é um par de pedaleiras (mini-plataformas) adicionais no "mata-cachorro" da moto:
Essas mini-plataformas me custaram a fortuna de R$ 0,00 (eu já as tinha guardadas no fundo da gaveta de casa, sendo que elas vieram em uma moto que comprei para revender há alguns meses e eu tirei para vender a moto) e serviram perfeitamente na Indian, já que o protetor de motor também é de 1-1/4". A "pegadinha", é que é uma peça de Harley-Davidson, com direito a brasão... 😂😂😂 "Você até sai da Harley-Davidson mas a Harley-Davidson não sai de você" alguns vão dizer... kkkkk
Peça da Harley instalada numa Indian? Bira, seu HEREGE!!!
Elas são dobráveis e ficam recolhidas quando não em uso. Muito práticas. São firmes o suficiente para não abrirem sozinhas, e "moles" o suficiente para abrí-las e recolhê-las com meus próprios pés, sem esforço:
Também, como mencionado neste post, troquei o intercomunicador dos capacetes, foi embora o Caberg Just Speak (que, apesar de específico para meu capacete, tinha alguns problemas de operatividade) e veio um kit Sena SMH5-FM, já testado e aprovado.
Outra adição importante foi o GPS dedicado. Optei por não depender de Waze/Google Maps e afins pois é mais fácil programar uma rota definida (isto é, escolher o caminho que eu quero em vez dos sugeridos pelos aplicativos de celular) e tem a vantagem de não depender de sinal de celular. Além disso, como vou fazer passeios, e afins, é bom poder marcar os pontos de interesse todos com antecedência e com a conveniência do aplicativo desktop (Garmin Basecamp). Como mencionei neste post, o GPS escolhido foi um Garmin zümo 396LM.
O kit de ferramentas para emergências já está pronto e organizado (e ocupando um espaço ínfimo do meu alforge lateral).
Documentação da moto já está toda paga e em dia, meu passaporte (ainda que desnecessário para o Mercosul facilita na aduana de acordo com relatos) ainda é válido, o seguro Carta Verde já está na mão... agora é só contar os dias (faltam 16 na data deste post) para pegar a estrada.
Aguardem novidades. Estarei postando mais preparativos conforme andarem, e sempre que possível colocarei , durante a viagem, algum post com o "diário de bordo".
É isso ai meu caro, tudo pronto, agora é só pegar a estrada.
ResponderExcluirNos próximos anos eu pretendo fazer esse passeio.
Como estive na região sul em 2017, quero ir primeiro a Machu Picchu.
Abraço e boa viagem
Fala Bira, tudo bem? Excelente artigo! Queria pergunter onde comprou essas pedaleiras, pode passar o nome da loja ou o modelo da pedaleira? Abs!
ResponderExcluircara, essas pedaleiras são acessórios da Harley-Davidson. Vieram em uma moto usada que peguei pra vender há um ano... coloquei as originais de volta na moto e fiquei com essas pra mim.
ExcluirSei que na Aliexpress existem "réplicas" desse modelo de plataforma (pelo menos já vi à venda)... mas não tenho o link. A propósito, os suportes para as pedaleiras foram comprados na Aliexpress.