Fotos: Divulgação
Em Agosto de 2017, uma notícia chegou como uma bomba em toda a comunidade mundial de fãs e proprietários da Harley-Davidson: a marca apresentava o que podemos considerar como o seu segredo mais bem guardado nos últimos anos: a nova linha 2018.
Era certo dentre os que acompanham a marca que era apenas uma questão de tempo para que os motores Twin Cam (em linha desde 1998, com várias e sucessivas atualizações desde então) deixassem a linha de produção. As normas cada vez mais restritivas nos quesitos de emissão de poluentes e economia média de combustível (especialmente em mercados como os da Califórnia e da Europa) colocava os velhos TC em maus lençóis. Os Twin Cam já haviam sido substituídos pelo novo motor Milwaukee-Eight (4 válvulas por cilindro) em toda a linha Touring da HD desde o ano anterior (para a linha 2017), mas as Dynas e Softails ainda continuavam com os Twin Cam, em suas versões 96, 96B, 103 e 103B "High Output".
O que todos esperavam: uma geração "intermediária" adaptando o motor Milwaukee-Eight (que daqui pra frente será referido como "M8") aos quadros existentes. Porém, o que foi apresentado surpreendeu a todos:
- um novo chassis Softail, com toda uma nova gama de modelos;
- o fim da linha Dyna;
- a absorção de modelos que sempre foram caracterizados como "Dyna" na linha Softail;
- "Reedições" de modelos clássicos, como uma Heritage Classic toda "preta"(quase sem cromados), uma Deluxe com piscas retangulares em LED, uma Fat Bob totalmente diferente de qualquer Harley-Davidson já fabricada nos seus 115 anos de existência e uma Fat Boy com rodas enormes que parecem ter saído de um Cadillac Escalade de um rapper americano;
Não é à toa que boa parte dos fãs se assustaram. A nova Softail Fat Bob é uma verdadeira mudança de paradigma.
Os novos modelos são:
- FXSB (Softail Street Bob), exclusivamente com o motor M8 de 107 polegadas cúbicas (M8-107);
- FXFB (Softail Fat Bob), com o motor M8-107, e FXFBS, com o motor M8 de 114 polegadas cúbicas (M8-114);
- FXLR (Softail Low Rider), exclusivamente com o motor M8-107;
- FXBR (Softail Breakout), com o motor M8-107 e FXBRS, com o M8-114;
- FLSL (Softail Slim), exclusivamente com o motor M8-107;
- FLDE (Softail Deluxe), exclusivamente com o motor M8-107;
- FLFB (Softail Fat Boy), com o motor M8-107, e FLFBS, com o M8-114;
- FLHC (Softail Heritage Classic), com o motor M8-107, e FLHCS, com o M8-114.
Sim, não foi apenas uma substituição de motores, mas também uma consolidação de duas linhas de modelo (Dyna e Softail) em uma única ("new Softail"), totalmente nova.
A nova Fat Boy e suas novas rodas, totalmente "Dub Style"
Não vou entrar nos detalhes técnicos, que eu tenho certeza que todos já devem estar cansados de ler por aí, mas o fato é que essa nova linha teve uma rejeição imediata da quase totalidade do público cativo da marca, incluído aqui este que vos escreve.
Só que deve-se dizer que, a rigor, essa rejeição foi, para boa parte do público (incluído aqui este que vos escreve), apenas temporária, resultado do "susto" inicial pela mudança radical no line-up da marca feita "de sopetão".
A Softail Deluxe 2018 e seus polêmicos novos piscas em LED
Podemos dizer que o novo line-up é um verdadeiro tapa na cara dos tradicionalistas, aqueles mesmos que já não compravam Harley-Davidsons há anos por acharem que "as motos estão com eletrônica demais". O fato é que consumidor de moto usada ou antiga não rende lucro para a fábrica, e a mesma precisava angariar novos consumidores, e resgatar alguns que já são clientes, mas que são mais abertos a melhorias de projeto e "upgrades", mas não tinham motivo algum para trocar suas motos, já que o line-up então existente não agregava nada de novo que justificasse o investimento na troca de suas motos atuais (a menos que fosse pra sair de seu modelo atual para uma maior, o que não é do interesse de todos os consumidores - eu mesmo não me imagino pilotando uma Touring no dia-a-dia).
Em nenhum momento da "gestação" dos novos modelos o foco dos designers da marca foi de conquistar aquele cara que anda numa Dyna Evolution carburada dos anos 90.
O objetivo da marca era de conquistar novos clientes (aqueles que nunca tiveram uma Harley-Davidson), resgatar alguns clientes de motos mais antigas mas que gostam de tecnologia quando ela agrega conforto e segurança ao rodar (por exemplo, convencer os donos de Softails a partir de 2011, ano em que passaram a vir com freios ABS de fábrica, a trocar sua moto por uma mais nova), e ainda agradar alguns órfãos de modelos descontinuados (especialmente a linha V-Rod).
Houve também o receio de que as novas Harley-Davidsons passassem a ter uma condução excessivamente anestesiada (como nas Indian Chief ou nas cruiser japonesas), ou que passassem a adotar plásticos em profusão na sua construção.
O fato é que, passado o "choque" inicial (eu mesmo dei chilique com o fato da nova Heritage Classic praticamente não ter mais cromados), começaram a aparecer os reviews (muuuuuuuuuitos vídeos no Youtube) e os elogios às melhorias as motos, especialmente no quesito comportamento dinâmico. E os clientes mais abertos a mudança (incluído aqui este que vos escreve) começaram a se "acostumar" mais com o visual da nova linha, e até mesmo a gostar dos novos modelos.
A nova Heritage Classic, praticamente sem cromados. Infelizmente essa combinação de cores não é oferecida no mercado brasileiro.
No que diz respeito aos plásticos, as novas Harley-Davidson continua sendo legítimas Harley-Davidsons: metal em profusão, com o uso de plásticos se limitando ao policarbonato das lentes de piscas e lanternas e dos pára-brisas.
No que diz respeito à condução, os reviewers americanos foram apenas elogios às novas motos, o que parecia até muito bom para ser verdade (mais sobre isso em outro post).
Em novembro, uma nova surpresa: a Harley-Davidson apresentou mais um modelo no line-up Softail: a Sport Glide (FXSG), uma "reedição moderna" da antiga Softail Convertible. Trata-se de um modelo inteiramente novo, que mistura elementos de vários modelos da HD e alguns inéditos na marca. Trata-se de uma FX (Softail com pedaleiras em vez de plataformas) , mas com o tanque de 5 galões usado (até então) apenas nas Softail FL. Como elementos adicionais, malas laterais rígidas destacáveis, e um inédito parabrisa tipo "mini-batwing" também destacável, uma moto que permite ao proprietário escolher quatro configurações diferentes de uso (completa, com o batwing e as malas; só com o batwing, sem as malas; só com as malas, sem o batwing; totalmente "pelada", sem o batwing e sem as malas). Podemos dizer que é uma edição mais "moderna" da finada Dyna Switchback, em que pese o uso de pedaleiras em vez de plataformas.
A Softail FXSG Sport Glide, com todos os acessórios
A nós restava esperar se nós veríamos as novas Harleys em solo brasileiro logo, ou se teríamos de esperar até o lançamento da linha 2019 local. Essa era, na verdade, o que todos esperavam, já que só em 2016 nossas Softails passaram a receber o motor TC103 e nossas Dynas ainda usavam o TC96, motor que já estava fora do line-up americano há anos. A "produção local" também nos fazia crer que teríamos um ano de desova de estoques de motores Twin Cam e dos antigos chassis.
Porém, alguns blogueiros foram categóricos ao afirmar que não sofreríamos do "atraso" costumeiro no mercado nacional, e que os novos modelos já seriam apresentados no Salão Duas Rodas, em novembro, o que DE FATO aconteceu.
Grande parte dos que visitaram o salão e que ainda rejeitavam as novas motos passaram a aceitá-las depois de vê-las pessoalmente. Ainda persistiu dentre alguns fãs da marca uma certa aversão ao visual exagerado da nova Fat Boy, e há muitos que também continuam torcendo o nariz para as novas Softails. Nessa fase (apesar de eu não ter visitado o salão) eu já estava mais ou menos convencido do novo visual, restava me convencer da dinâmica.
Foram deixados de lado no mercado brasileiro alguns modelos:
- a Low Rider;
- a Sport Glide;
- a Breakout M8-107 (oferecida no Brasil só com o 114);
- a Heritage Classic M8-114 (oferecida no Brasil só com o 107).
Como bônus à nova linha Softail, a linha Touring também recebeu novos modelos no mercado brasileiro, como as três versões da Road Glide (que nunca foram vendidas aqui), Special, Ultra e CVO, e a Road King Special.
Não tardou muito para que os novos modelos fossem apresentados aos consumidores nas concessionárias, eu mesmo estive presente na apresentação realizada na Brasília Harley-Davidson, quando tive a chance de conhecer de perto os novos modelos, e devo dizer: vê-los pessoalmente me convenceu totalmente sobre o novo visual, até mesmo dos modelos mais "polêmicos" como a Fat Bob e a Fat Boy. A apresentação das motos na concessionária candanga pode ser vista no vídeo a seguir (cheguei a fazer um segundo vídeo mostrando modelo a modelo, infelizmente o arquivo foi perdido por uma falha no cartão de memória).
Não tardou muito para que os novos modelos fossem apresentados aos consumidores nas concessionárias, eu mesmo estive presente na apresentação realizada na Brasília Harley-Davidson, quando tive a chance de conhecer de perto os novos modelos, e devo dizer: vê-los pessoalmente me convenceu totalmente sobre o novo visual, até mesmo dos modelos mais "polêmicos" como a Fat Bob e a Fat Boy. A apresentação das motos na concessionária candanga pode ser vista no vídeo a seguir (cheguei a fazer um segundo vídeo mostrando modelo a modelo, infelizmente o arquivo foi perdido por uma falha no cartão de memória).
Pode-se dizer que a recepção aos novos modelos pelo público consumidor aqui na Capital Federal foi excelente: já no dia da apresentação (até o horário em que fui embora, por volta de meio-dia) foram vendidas três motocicletas, sendo duas Fat Bobs (uma 107 e uma 114) e uma Road Glide Ultra. Deve-se considerar que essas três motos foram vendidas em apenas uma hora (já que a apresentação foi realizada pontualmente às 11 da manhã) Não foram apresentadas no dia nem a Deluxe nem a Street Bob.
Relatos do Wolfmann no Fórum Harley também comentam que no Rio de Janeiro a recepção foi ótima, e que a polêmica nova Fat Boy está vendendo bem, especialmente entre o público menos estradeiro do modelo, que quer "uma nova Terminator a qualquer custo".
Voltei em um dia útil para conferir as motos com mais calma (estava impossível fazê-lo no dia da apresentação, a concessionária estava tão lotada quanto um show internacional de rock) e a boa impressão (que desfez a má impressão inicial quando da apresentação mundial) se confirmou. Mesmo a Heritage Classic (quase) sem cromados que tanto me fez torcer o nariz passou a ser agradável aos meus olhos (mas eu ainda acho que deveriam tê-la chamado Heritage Special, como toda a linha Dark Custom), em que pese eu ainda achar aquele para-brisas "meio preto" um tanto quanto estranho.
Mas eu ainda não estava convencido. Precisava testar as motos e avaliar o comportamento dinâmico, o que fiz no dia 28 de dezembro. Mas isso é assunto para os próximos posts (ou você pode conferir meu relato, na íntegra, em uma série de quatro posts no blog do Wolfmann).
Até a próxima!
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